15/02/2011
Profissionais da área médica opinam sobre possível criação de exame que avalia recém-formados
12/02/2011 às 13:59
Por JULIANA CAMPOS, juliana@jornalosm.com.br
No final do ano passado, um projeto que propunha um exame semelhante ao da Ordem dos Advogados do Brasil voltado para profissionais da área da saúde tramitou na Câmara dos Deputados.
O autor do projeto, o ex-deputado Paes de Lira (PTC-SP), propôs no texto que a aprovação no exame fosse requisito para o exercício profissional. Pela proposta, a prova, que será realizada em duas fases, será regulamentada pelo conselho federal de cada área de atuação.
Ele citou no projeto que os advogados, por exemplo, já são obrigados a se submeter ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil para exercerem a profissão. "Outras áreas deveriam fazer o mesmo", afirmou ele.
Apesar de o projeto ter sido arquivado em janeiro deste ano, o Jornal O SUL DE MINAS ouviu a opinião de profissionais e estudantes da área da saúde sobre o assunto. Confira:
Santa Casa
"Somos totalmente favoráveis, pois é preciso avaliar todas as competências dos profissionais da área médica, não só as técnicas apreendidas nas universidades, como por exemplo, as básicas e as essenciais, tais como Princípios, Valores, Ética, Conhecimento e Habilidades."
Albino Luiz Mantovani-
Gestão Administrativa. Santa Casa de Misericórdia de Itajubá
Unimed
"Sou a favor e mais: acredito ser um absurdo a classe médica não constituir-se em uma ordem tal como a OAB. Politicagem, vaidades e interesses menores não permitem... Conselho Federal com seus conselhos regionais, Associação Médica Brasileira e Federação Nacional dos Sindicatos Médicos não permitem que a classe médica tenha uma ordem, que teria mais voz, mais autoridade e projeção que a divisão atual. A proliferação de escolas médicas sem mínimas condições para formar bons médicos tem inflado o mercado com profissionais despreparados para lidar com o que há de mais complexo na Natureza: o ser humano.
Mais do que a OAB, a profissão necessita de uma avaliação extremamente criteriosa para que um médico tenha o direito de atender de forma efetiva àqueles que procuram seu conhecimento e sua dedicação aos que lhe confiam a melhora do seu padecimento, quando não a cura".
Rogério Vilela Pinto
Médico graduado pela USP em 1977
Diretor- Presidente da Unimed Itajubá
Aisi
"Não acho que uma prova, mesmo que realizada em duas etapas e considerando também a parte prática, seja suficiente para se avaliar uma boa condição do profissional para o exercício da medicina. Este procedimento já é feito durante todo o período acadêmico, por professores habilitados, que convivem durante vários anos com seus alunos, com dois anos de prática supervisionada em todas as áreas básicas e especialidades principais. É uma tentativa válida por parte dos conselhos de medicina, mas acho que ela ocorre em parte porque os conselhos e as sociedades médicas não têm tido força suficiente para coibir a proliferação de escolas médicas, muitas surgindo sem a menor condição de existência, promovendo a formação de um contingente de profissionais de baixa categoria, fenômeno que começa pelos processos seletivos iniciais. Uma boa formação médica depende de muitas condições extraordinárias, incluindo o perfil do aluno, que deveriam ser assessoradas pelos excelentes técnicos de que o Ministério da Educação possui, mas que se encontram assoberbados pela quantidade de escolas hoje existentes. É preciso que se faça uma avaliação presencial, e não somente através do preenchimento de inúmeros protocolos, hoje todos via internet, que não dá ao Governo a ideia real do que acontece. Mas, voltando à prova do Cremesp, que
já existe e é voluntária, não faço nenhuma objeção. A ação médica requer tanta habilidade e responsabilidade em sua prática, que qualquer meio para reforçá-la é válido, desde que executado por pessoas habilitadas, numa perspectiva real e visando à população assistida, e não com fins políticos. Neste sentido, deve ser bem recebida e apoiada".
Kleber Lincoln Gomes
Professor titular de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Itajubá (FMIt) e presidente da Associação de Integração Social de Itajubá (Aisi), mantenedora da FMIt e do Hospital Escola
Ceam/Humanity
"Sou a favor. Esse tipo de exame consolida a qualificação técnica que acaba por garantir a qualidade do atendimento".
Fernando Estevam de Barros
Diretor Executivo
Grupo Ceam Brasil / Humanity
Acadêmica de medicina
"Se é para valorizar o profissional que está se formando e fortalecer a classe médica, não há o que temer".
Amanda Cristina de Carvalho Miranda, 20 anos, itajubense e aluna do 4º período de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Vestibulanda
"Não concordo com essa proposta, pois já é muito difícil de ingressar na faculdade de Medicina. Depois da graduação, ainda existe a prova de residência, que é bastante rigorosa e, em minha opinião, suficiente para avaliar os conhecimentos do profissional."
Marcela Silva Fortes, 19 anos, vestibulanda de Medicina