Escolas Médicas do Brasil

Cremesp pede veto a medicina da Unifran

 14/02/2011

 

DIÁRIO DA FRANCA 

 

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Cremesp pede veto a curso de medicina na Unifran

Para Clóvis Ludovice, órgão teve atitude "corporativista e política", descabida no que se refere ao ensino de uma universidade autônoma

José A. Souza/DF

A posição do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) que manifestou contrário à instalação ao curso de medicina na Universidade de Franca foi veemente combatida por Clóvis Eduardo Pinto Ludovice, chanceler fundador da Unifran e presidente do Conselho de Administração ACEF. Ele afirmou que o órgão teve uma atitude "corporativista e política" descabida no que se refere ao ensino de uma universidade autônoma.
Em documento encaminhado à reportagem, o Cremesp manifestou estar preocupado com o recente parecer do Conselho Nacional de Educação (Parecer CNE/CES nº 241/2010), favorável à abertura do curso de Medicina da Universidade de Franca (UNIFRAN), com sede no Município de Franca.
Para o Cremesp, o CNE ignorou relatórios oficiais que apontaram a ausência de necessidade social e o excesso de escolas médicas em São Paulo, posição coincidente com a defendida pelo Cremesp e pelas demais entidades médicas.
O CNE não respeitou o trabalho e as manifestações da Comissão de Especialistas do Ensino Médico, que assessora a Secretaria de Educação Superior (SESu) do Ministério da Educação (MEC) e conta com a participação de profissionais de notório saber.
O parecer do CNE é conflitante com recentes decisões do MEC, que reduziu vagas e até suspendeu o vestibular de escolas médicas mal avaliadas, ao mesmo tempo em que impediu a abertura de cursos sem rede instalada para o campo prático da Medicina, medidas que contaram com apoio irrestrito das entidades médicas.
O Estado de São Paulo já conta com 31 cursos de Medicina, que somam mais de 3.000 vagas por ano. É inadmissível a abertura de mais escolas médicas privadas que cobram hoje de R$ 2.800,00 a R$ 6.000,00 a mensalidade.
Próximas à região de Franca já existem cinco escolas médicas: três em Ribeirão Preto, uma em São Carlos e uma em Araraquara, gerando altas concentrações de médicos por habitantes.

POSIÇÃO
Ao falar sobre o assunto com a reportagem do Diário, Clóvis Eduardo Pinto Ludovice afirmou que "a necessidade social do curso está devidamente comprovada no processo de autorização do Curso de Medicina e a mesma foi aprovada por unanimidade pelo Conselho Nacional de Educação e pelo Conselho Nacional de Saúde, órgãos superiores e os maiores do país quanto a essa análise. O Cremesp não é um órgão público. Isso compete ao MEC e aos conselhos. A área de atuação da UNIFRAN, que tem 13.000 alunos é constituída de 70% do Sul de Minas Gerais, e 30% de Franca e Região. Erra mais uma vez o Cremesp em citar a existência de 5 cursos análogos na área de abrangência da Unifran. A demonstração da relevância social desse curso para Franca foi elaborada com muito esmero levando-se em consideração a possibilidade (já contratada) da utilização da rede de serviços médicos, recursos e equipamentos instalados em Franca e região. A Residência Médica e o Hospital Escola também foram aprovados para funcionarem na Santa Casa de Franca com contrato de parcerias já assinados".
Clóvis Ludovice ressaltou que o parece do CNE e a decisão do MEC não são conflitantes. Pelo contrário," temos as duas decisões acima e a avaliação feita "in locum" pela Comissão do MEC composta por 3 médicos especialistas e professores doutores da Universidade Federal de Goiás e Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Essa avaliação oficial teve a nota 5 que é a maior nota do MEC. O Ministro não tem que atender um mero pedido de uma entidade particular que representa somente médicos e não o ensino brasileiro".
O fato da região possuir cinco faculdades com curso de medicina, na visão de Clóvis Ludovice, não implicaria na qualidade de ensino. Segundo ele, a estrutura e metodologia adotada foi dentro do sistema "PBL" ( Problem Based Learning) centrado e ancorado no Sistema Único de Saúde -SUS. "Já contratamos 36 professores, alguns de Franca, a maioria titulados doutores de fora, criamos uma comissão e instituímos o PCD, "Plano de Capacitação Docente" para atender os 3 primeiros anos do Curso de Medicina. Foi uma preocupação que tivemos com todo cuidado na sua montagem, cuja equipe docente elaborou um projeto pedagógico e capacitação na metodologia proposta para o curso".
O chanceler da Unifran explicou que o Ministro da Educação não vai se curvar ou usar a opinião de uma entidade privada e não ligada ao ensino superior, pois a Medicina de Franca foi aprovada por unanimidade pelo Conselho Nacional de Saúde, órgão ligado ao Ministério de Saúde e composto por vários médicos ilustres, e por outros setores do próprio MEC.

PING-PONG

Diário da Franca: E como ficará a instalação do curso diante desta posição?
Clovis Ludovice :- De imediato, assim que o MEC homologar o Parecer 241/2010 do Conselho Nacional de Educação -órgão máximo da Educação no país ( em 08/12/2010) que aprovou por unanimidade o recurso que a UNIFRAN propôs e que foi relatado pelo Conselheiro Prof. Dr. Athur Roquete.

Diário: Essa situação já arranha a imagem do curso?
Clovis Ludovice:- Não. O anseio para a instalação é muito grande e a expectativa é oriunda de uma vasta região que espera ávida para a inscrição ao Concurso Vestibular.

Diário: Quais os investimentos já aplicados no curso de medicina?
Clovis Ludovice:- Foram mais de R$ 4.000.000,00 na construção de um prédio de 4.624,55 metros quadrados, laboratórios, Biblioteca e elaboração do projeto pedagógico. Tudo prontíssimo para funcionar no dia seguinte à Portaria de autorização do Curso de Medicina de Franca.

Diário: A proposta de início do curso seria para quando?
Clovis Ludovice:- Já estamos na hora extra da espera, dependemos de um último ato do Ministro da Educação, espero para o primeiro semestre desse ano.

 

 


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