De acordo com a pesquisa sobre a
Demografia Médica no Brasil, desenvolvida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), em outubro de 2011 havia quase 372 mil
médicos em atividade no Brasil. De 1970 para cá o crescimento no contingente de
médicos no país cresceu 530%, enquanto a população brasileira cresceu 105% nesse mesmo período.
Em 1980, havia 1,13
médico para cada grupo de 1.000 residentes no país. Essa razão sobe para 1,48, em 1990; para 1,71, no ano 2000; e atinge 1,89, em 2009. Em 2011, o índice chega a 1,95
médico por 1.000 habitantes, ou seja: no período, o aumento foi de 72,5%.
Uma das principais razões para o salto no número de
médicos é a abertura desenfreada de escolas
médicas.
Em 2009 havia, no Brasil, um total de 185 escolas
médicas, com uma oferta de 16.876 vagas, de acordo com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).
Pode-se dizer que o primeiro aumento considerável no número de escolas
médicas ocorreu no período militar. De 1960 a 1969 foram abertas 39 escolas
médicas, 23 delas no Sudeste. Nessa época, a maioria dos cursos de medicina funcionavam em faculdades públicas.
O salto na abertura de escolas nos anos 1960 será responsável pelo crescimento exponencial que se verifica no número de
médicos a partir da década de 1970.
Em 1996 acontece um novo aumento no número de cursos de
medicina, sobretudo nas faculdades de caráter privado.
De 2000 a 2011, 77 escolas foram inauguradas, em sua maioria particulares. Nesse período, a população brasileira aumentou apenas 12,3%.
Dados de 2011 indicam que 45% dos cursos se concentram no Sudeste – os estados dessa região têm o maior número de médicos por habitante. Outras 20 escolas devem ser abertas até 2014, de acordo com o IPEMED, Instituto de Pesquisa e Ensino Médico.
Distribuição dos médicos nas regiões brasileiras:Apesar do aumento vertiginoso no número de
médicos no Brasil, sua distribuição ainda sofre desigualdades. Estatísticas mostram que o país tem 1,95
médico registrado para cada 1.000 habitantes, com diferenças regionais significativas.
A região sudeste é a que mais concentra
médicos (2,61/ 1.000 habitantes), seguida da região sul (2,03 médicos por 1.000 hab.). Depois, aparece a região centro-oeste (1,99/1.000hab.), nordeste (1,19 médicos por 1.000 habitantes) e por último, a região norte, com menos de 1
médico a cada mil habitantes (0,98/1.000).
O Distrito Federal é a Unidade da Federação que mais concentra
médicos (4,02/1.000hab). Em contrapartida, no Maranhão, há apenas 0,68
médico para 1.000 habitantes.
Outra constatação da pesquisa realizada é que os
médicos buscam as capitais para trabalhar. No conjunto das capitais brasileiras, a razão de
médicos registrados por 1.000 habitantes é de 4,22, contra 1,95 no país como um todo.
Três capitais - Vitória, Belo Horizonte e Florianópolis - chamam a atenção pela elevada proporção de
médicos registrados por habitantes, especialmente quando se compara com os números dos seus próprios estados. Espírito Santo tem 2,11
médicos registrados por 1.000, enquanto a capital Vitória conta com 10,41. Santa Catarina tem 1,89
médico por 1.000 habitantes, enquanto a capital Florianópolis tem 6,44. Em Minas Gerais há 1,97
médico por 1.000 habitantes, contra 6,29 na capital.
Concluindo, os estados do norte, nordeste e centro-oeste contam com a metade dos
médicos que estão concentrados no Sul e no Sudeste. Os cidadãos que moram no interior dos estados contam, em média, com duas vezes menos
médicos do que aqueles que vivem nas capitais.
Torna-se necessário criar políticas e programas que visem diminuir as desigualdades na distribuição de
médicos no Brasil, buscando melhorar o acesso da população aos serviços de saúde.
Além disso, as ações realizadas pelo Ministério da Educação (MEC) são fundamentais, no sentido de limitar o número de vagas nos cursos de graduação em
Medicina com baixa qualidade. O processo de mercantilização do ensino prejudica a qualidade dos cursos e do ensino
médico, colocando em risco a saúde pública como um todo.