Escolas Médicas do Brasil

O Associativismo e o Ensino Médico - por Florentino Cardoso

 16/08/2011

 O Associativismo e o Ensino Médico

(15/08/2011 11:43:00)

Por Florentino Cardoso*

O movimento médico associativo brasileiro é representado pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pelas suas Federadas (no Ceará é a Associação Médica Cearense).

As entidades juntas formam uma rede harmoniosa que visa melhorias na saúde da população e na vida do médico, especialmente no que se relaciona à parte científica, ensino médico (graduação, pós-graduação e ensino continuado) e à Defesa Profissional. Falemos sobre o ensino médico.

O ensino médico no Brasil

O Brasil tem hoje mais de 180 escolas médicas (só perde para a Índia), muitas delas com muitas deficiências, que certamente podem contribuir para formar médicos sem a devida capacidade para atendimento adequado à população. Com todas essas escolas serão cerca de 17 mil médicos formados a cada ano no Brasil. Se considerarmos o atual crescimento da população, teremos uma assustadora relação médico por habitante daqui a vinte anos. O pior é que nesse momento, parece que prepondera quantidade e não qualidade. Preocupam-se em formar mais médicos. E a qualidade da formação? Hoje, muitas das novas faculdades de medicina não têm "hospital escola", outras não têm um quadro de professores permanentes, necessários e titulados para formar bons médicos. Os resultados p odem ser vistos em alguns exames de avaliação para médicos recém-formados, como o do CREMESP (Conselho Regional de Medicina de São Paulo). Um desastre para a saúde do nosso povo. Antes de querer formar mais médicos, vamos avaliar e melhorar as escolas médicas existentes no país. É necessário fechar alguma?

Estudantes de medicina brasileiros estudando fora do Brasil

Há um enorme contingente de brasileiros estudando medicina fora (não passaram nos vestibulares aqui no Brasil?), especialmente em países como Bolívia, Cuba e Argentina. O acesso nesses países não se dá como no nosso. Muitas vezes basta somente ter recursos para pagar o curso e noutras basta uma indicação política, dita por alguns "maquiada" por movimentos sociais (será que é o caso de Cuba?).

O que temos visto é que muitos desses brasileiros que se formam nessas faculdades não têm a necessária formação para exercer a medicina no Brasil. Muitas dessas escolas são de um nível, que não desejamos para nossos médicos.

O Governo Brasileiro tentou e tenta a todo custo, que esses estudantes exerçam automaticamente a profissão no Brasil, especialmente aqueles formados na terra do "companheiro", na Escola Latino-Americana de Medicina de Cuba. Será que esses que defendem essa ilegalidade, têm coragem de se consultar, ser operado por esses médicos? Tem gestor no Brasil "importando" médico estrangeiro. Um risco para o povo pobre e sofrido do Brasil!

Para não perdermos a esperança, no ano de 2010 o Brasil fez prova para revalidar o Título de Médico de quem se formou no exterior, o resultado foi o que de há muito tínhamos alertado: dos mais de 600 inscritos, somente dois (PASMEM!) foram aprovados. Nesse ano teremos o REVALIDA 2011 (Programa de Revalidação de Diplomas de Médico obtidos no exterior), da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação, que teve a adesão de várias instituições, a grande maioria Universidades Federais. Esperamos que seja sedimentada a necessidade de proteção às pessoas, possibilitando que somente médicos capazes exerçam a profissão.

Curioso é que existindo esse processo de revalidação do Diploma Médico, desde o ano de 2010, a Universidade Estadual do Ceará (UECE) abre inscrições para revalidação de Diplomas de Graduação em Medicina expedidos por instituições de ensino estrangeiras em janeiro de 2011 (foram inscritas 198 pessoas) e em 27 de julho de 2011, divulga o resultado das inscrições deferidas, indeferidas e em diligência. Ficam dúvidas. Não seria mais adequado a UECE aderir ao REVALIDA, como fizeram as Universidades Federias do Ceará, de Pernambuco, da Bahia, do Rio de Janeiro, do Paraná, do Rio Grande do Sul, a Estadual do Amazonas, a Estadual do Oeste do Paraná e tantas outras? Qual o interesse? A quem interessa? Falaram que seria um "trem da alegria". Não acredito nessa hipótese.

A saúde é nosso bem maior e o povo brasileiro merece respeito.

*Presidente da Associação Cearense de Medicina e diretor de Saúde Pública da AMB


Fonte: O POVO (Fortaleza, CE)


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