18/10/2007
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Cidade
Dia do médico - O novo perfil do médico
Pesquisa revela mudanças e tendências importantes no perfil do médico paulista
Uma pesquisa inédita publicada no início desta semana pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) revelou mudanças e tendências importantes no perfil do médico paulista no início deste século XXI. Entre elas, pela primeira vez na história, as mulheres superam os homens nos novos registros de médicos no CRM. É para comemorar o Dia do Médico e saber mais sobre esse profissional que traz vidas à luz e delas cuida por toda vida, publicamos a matéria a seguir:
Ao longo da metade do século passado, o cenário permaneceu sem alterações significativas quando se compara gênero, idade, número de profissionais formados e sua distribuição geográfica. É só a partir da década de 80 que vai se observar uma diminuição da predominância masculina no mercado e nos cursos de graduação. E só nos anos 2000 que a faixa mais jovem de médicos, de 20 a 24 anos, se tornou cada vez mais feminina. Nas turmas de formandos de 2006, conforme novos registros de médicos no Cremesp, as mulheres se tornaram, pela primeira vez, maioria. O Centro de Dados do Cremesp também indica uma tendência à "juvenilização" do mercado médico. Mais de um quarto dos profissionais em atividade, ou 28,67% deles, está no exercício da profissão há nove anos ou menos. De 1980 a 2006, a taxa de médicos por habitante no estado dobrou, com um salto maior a partir de 2001. O aumento do número de médicos é duas vezes maior que o crescimento populacional.
Médicas são maioria entre os jovens
• Homens são 61,65 % no conjunto do mercado, mas no grupo entre 20 e 24 anos, mulheres são 50,68%
• Entre os formandos inscritos em 2006, mulheres são maioria pela primeira vez
• Diferença entre sexos diminuiu a partir dos anos 90
• Entre 1980 e 2000, o número de novos registros de médicos ficou entre2,2 mil a 2,3 mil por ano, subindo para mais de 3.000 a partir de 2002
• Há 1.350 médicos entre 50 e 59 anos de profissão e 293 estão nela há 60 anos ou mais
• Há uma médica e 16 médicos com mais de cem anos inscritos no Cremesp
• Juvenilização: 28,67% estão no exercício da profissão há nove anos ou menos. Metade desse grupo, ou 14,42% do total de médicos, trabalha há quatro anos ou menos
O mercado ainda é masculino
Como reflexo dessa presença cada vez maior das mulheres nas turmas de formatura e conseqüente inscrição no Cremesp, a faixa de profissionais mais jovens, entre 20 e 24 anos, já tem domínio feminino, com 50,58% contra 49,32%. Mas se a feminilização é uma tendência que parece irreversível entre os novos profissionais, a presença no mercado ainda é masculina e assim continuará por muito tempo. Essa diferença fica clara quando se olha os médicos hoje em atividade. No seu conjunto, dos 92.558 registrados no Cremesp, 61,65% são homens e 38,35% são mulheres. A inversão, ou mesmo o equilíbrio de gênero, ainda deve demorar mais de uma década, embora em algumas especialidades médicas isso já ocorra.
A feminilização é uma tendência que parece irreversível entre os novos profissionais, mas a presença no mercado ainda é masculina
Média de idade é de 42 anos
Há uma distribuição bastante equilibrada dos médicos por idade nafaixa etária que vai de 25 anos a 59 anos. Um total de 86,61% dos profissionais que atua no estado de São Paulo está nessa faixa de idade. A presença só é ligeiramente maior no grupo de 30 a 34 anos, onde estão 14,22% dos médicos, mas a média de idade fica em torno de 42 anos. Essa distribuição etária equilibrada dos médicos se explica também pelo número estável de vagas oferecidas pelas escolas médicas e que se revela no ano de conclusão dos cursos por parte dos inscritos no Cremesp. Durante duas décadas, tomando 1980 como referência, o número de registros por ano permaneceu na casa dos 2,2 mil a 2,3 mil, subindo para 3.114 em 2002. O ano em que o Cremesp recebeu maior número de novos médicos foi 2004, com 3.433. O menor, desde 1980, foi 1994, com 2.101. Devido à abertura de novas escolas médicas, que passarão a formar novos médicos nos próximos anos, deverá ocorrer um aumento significativo de novos registros.
"Juvenilização"
Além de uma tendência à feminilização, a categoria médica caminha para uma "juvenilização". Numericamente, há cada vez mais médicos jovens no mercado. Essa tendência aparece tanto no ano de inscrição no Cremesp como no tempo de exercício profissional. Em 1980, havia 1,06 médico por mil habitantes, ou 940,4 moradores para cada médico. Hoje a taxa é de 2,25 médicos por mil habitantes. Mais de um quarto dos médicos ou 28,67% está no exercício da profissão há nove anos ou menos. Metade desse grupo, ou 14,42% do total de médicos, trabalha há quatro anos ou menos. O grupo maior, de 61,10%, está na profissão há mais de 10 nos e menos de 34 anos, distribuídos de forma equilibrada. E o grupo menor, de 0,22%, está há mais de 35 anos na profissão. Pelos registros, 1.350 têm entre 50 e 59 anos de profissão e 293 estão nela há 60 anos ou mais.
Taxa de médico cresce duas vezes mais que a população
De 1980 a 2006, a população do estado de São Paulo cresceu 63,94%, enquanto o número de médicos em atividade aumentou 247,41%. A população passou de 25.042.074 para 41.055.761 e o contingente de médicos subiu de 26.630 para 92.517. Em 1980, havia 1,06 médico por mil habitantes, ou 940,4 moradores para cada médico. Hoje a taxa é de 2,25 médicos por mil habitantes, ou 443,8 moradores para cada médico. Ou seja, o número de médicos cresceu duas vezes mais que a população.
Com a criação de novos cursos de medicina, a "juvenilização" da categoria tende a ocorrer de forma mais intensa e rápida.
Capital concentra 3,96 médicos por mil habitantes
• Estado de São Paulo tem 2,3 médicos por mil habitantes
• Seis cidades têm mais de quatro médicos por mil moradores; Botucatu tem 6,10 por mil/habitantes
• 65% dos médicos estão onde concentram-se 40% da população do estado
• 136 municípios não têm médico morando em seu território
Estado tem as três maiores concentrações de médico do mundo
Os 30 países que fazem parte da OCDE - Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico, têm, na média, uma taxa de 3 médicos por mil habitantes. O índice do Estado de São Paulo é de 2,3 e o do Brasil, 1,7. Se comparado a esse grupo de países, São Paulo está em oitavo lugar entre aqueles com menores taxas, superando Canadá, Nova Zelândia, Polônia, Japão, México, Coréia e Turquia. Ao analisar o Brasil, a taxa de 1,7 médico por mil habitantes só é superior à da Coréia, 1,6, e à da Turquia,1,5, entre os 30 países da OCDE. No conjunto, os dados poderiam levar à falsa idéia de que São Paulo e Brasil precisam de mais médicos. Mas a realidade é outra: algumas áreas do país têm altíssimas concentrações de médicos, enquanto há regiões onde esse indicador é comparável a países africanos. Também no estado de São Paulo há que se ressaltar que algumas cidades e regiões têm concentrações muito acima da média de países desenvolvidos. As cidades campeãs de concentração de médicos no Estado (Botucatu, Santos, Ribeirão Preto) têm taxa superior a todos os países analisados. Ou seja, têm as maiores concentrações de médicos do mundo. Vale destacar ainda que o estado de São Paulo como um todo ostenta taxa bem próxima de países desenvolvidos como Canadá, Reino Unido e Nova Zelândia, que contam com sistemas de saúde mais universais e de melhor qualidade que o Brasil. A maior quantidade de médicos não proporciona, por si só, melhor acesso à saúde para a população, argumento comumente utilizado pelos defensores da abertura de novas escolas médicas e do aumento das vagas nas que já estão em funcionamento. Por isso o Cremesp é contrário à abertura de novas escolas e defende como prioridade a distribuição dos médicos já existentes de forma mais eqüitativa, juntamente com a reforma do ensino médico e a qualificação dos profissionais de acordo com as necessidades de saúde da população.
São Paulo atrai para Residência
Embora não seja obrigatória, a Residência Médica, que em 2007completou 30 anos de atividades no Brasil é, na opinião do Cremesp, o melhor caminho para a formação de médicos especialistas. Somente no estado de São Paulo são cerca de 4.500 médicos residentes distribuídos em 43 instituições (universidades estaduais, instituições públicas estaduais e privadas conveniadas com a Secretaria de Estado da Saúde). No entanto, este número de vagas não é suficiente, uma vez que boa parte dos médicos formados anualmente no país, busca Residência Médica em São Paulo.
Fonte:
Centro de Dados do Cremesp/2007