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Pais procuram apoio da Aleac para pedir proteção aos filhos na Bolívia

 15/10/2009

 

15/10/2009 às 21h16m

Pais procuram apoio da Aleac para pedir proteção aos filhos na Bolívia

Assassinato de alunos brasileiros na Bolívia movimenta sessão na Aleac

 




Ray Melo,
Do oriobranco.net

A sessão de quinta-feira, 15, foi uma das mais movimentadas da semana. O assassinato de dois acadêmicos em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, foi o principal ponto de debates entre os parlamentares, que receberam uma comissão formada por pais de alunos, que cursam medicina no país vizinho, pedindo providências diplomáticas e proteção para seus filhos no país vizinho.

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Edvaldo Magalhães (PC do B) se reuniu com a Associação de Pais de Estudantes Brasil/Bolívia (ASPEBB) e se comprometeu em acompanhar todo o processo junto ao Itamaraty e consulado brasileiro.

Uma reunião ficou agendada para sexta-feira, 16, quando será escolhida uma comissão, que representará os pais de estudantes, numa possível viagem a Bolívia, onde será discutida a questão da segurança, dos acadêmicos, junto a autoridades bolivianas.

O vereador Jessé Santiago (PSB), a jornalista Wania Pinheiro e fotografo Evandro Derze, representaram os pais de estudantes, na Reunião com Edvaldo Magalhães e apresentaram os resultados aos pais, que lotavam as galerias da Assembleia Legislativa. “A ideia é que o problema dos estudantes seja incluído nas discussões, da retirada dos brasileiros da faixa de fronteira. Será formada uma comissão para ir até Santa Cruz, onde o problema será debatido junto ao consulado brasileiro”, informa Jessé Santiago.

A jornalista Wania Pinheiro, mãe de um estudante do curso de medicina, diz que a situação, não pode ser tratada com panos quentes, o assunto merece um debate, para que os pais possam se tranqüilizar sobre a situação de seus filhos. “Pagamos caro, para a realização dos sonhos de nossos filhos, não é justo tanto esforço, para recebermos nossos filhos dentro de um caixão”, protesta.

O deputado Edvaldo Magalhães procurou tranqüilizar os ânimos, e informou que a relação entre Brasil e Bolívia é amistosa, dando como exemplo o avanço das negociações dos agricultores brasileiros na fronteira boliviana. “Recebemos pela manhã, uma comissão de pais de estudantes, que vieram pedir a intervenção do Legislativo. Precisamos analisa a dimensão exata do problema. A relação diplomática entre Brasil e Bolívia é amistosa, as negociações sempre foram possíveis, temos como exemplo prático as negociações dos agricultores na faixa de fronteira, estamos avançando e tenho certeza em uma breve solução” tranqüiliza Magalhães.

Segundo o presidente do Poder Legislativo, brasileiros sempre estudaram em faculdades bolivianas, sem acontecer incidentes sérios, mas a situação política do país tem causado certa instabilidade, que pode ter ser amenizada após as eleições de dezembro.

“Nenhum pai quer retirar seu filho da Bolívia. A aposta e o investimento são altos, para manter seus filhos nas faculdades bolivianas. A Bolívia enfrenta no momento, uma disputa acirrada no sistema político, fator que tem causado instabilidade na relação dos poderes. O poder Legislativo vai procurar o Itamary, pedindo que o Ministério das Relações Exteriores procure o dialogo, com as autoridades bolivianas. Até o dia 22, teremos desdobramentos, vamos levar o problema a ser debatido, junto com a questão dos agricultores da fronteira. Tenho absoluta certeza na volta da tranquilidade, no meio acadêmico”, garante Magalhães.

Comissão de Direitos Humanos encaminha representação ao presidente Lula

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, deputado Walter Prado (PDT), parlamentar que acompanha ativamente as questões que envolvem maus tratos aos brasileiros, em terras bolivianas, criticou as autoridades federais brasileiras, pedindo providências e ação enérgica do poder público brasileiro, em defesa dos cidadãos, que procuram estudar e trabalhar na Bolívia.

Walter Prado diz que a mais de dois anos, pesquisa sobre assassinatos de brasileiros, ocorridos em terras bolivianas e que até o momento, mais de 15 assassinatos praticados de forma brutal, sequer chegaram a um inquérito e que, jamais será apresentada nenhuma solução, já que as autoridades brasileiras, não cobram nenhum tipo de investigação.

“O Governo Brasileiro tem sido generoso no tratamento, com cidadãos bolivianos, anistiamos centenas de bolivianos, tratamento que não é recíproco. A moça que foi brutalmente assassinada, sequer teve o nome divulgado pelas autoridades. Defendo o diálogo, sei dos problemas políticos, mas o Governo Federal, precisa cobrar o envolvimento das autoridades bolivianas em dá uma resposta, para os assassinatos de brasileiros ocorridos nas cidades bolivianas”, reclama.

O parlamentar solicitou aos colegas de parlamento, que assinem uma representação parlamentar, que será encaminhada ao presidente Lula, pedindo providências urgentes, através dos instrumentos diplomáticos, na apuração dos crimes no âmbito judicial, e maior esforço na proteção dos estudantes brasileiros, que viraram alvo do crime organizado.

“Dirijo-me ao presidente, por ser um assunto diplomático. A violência contra os brasileiros é acobertada, pela polícia boliviana. Este assunto deve ser tratado de governo, para governo, exigindo uma pressão extra dos parlamentares acreanos” acrescenta Prado.

Discursos inflamados e defesa da qualidade de ensino na Bolívia

O assunto dos estudantes brasileiros assassinados na Bolívia dividiu opiniões, alguns deputados de oposição, aproveitaram o momento para tecer duras criticas ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, outros preferiram a linha de conciliação e defesa do ensino oferecido nas faculdades bolivianas.

“O governo consegue aprovar costas para negros, cotas disso e daquilo, mas não consegue resolver o problema no ensino superior brasileiro. Se os brasileiros estudam na Bolívia, é por que o Brasil, não oferece as mínimas condições nas faculdades públicas. É impressionante a ineficiência do poder púbico brasileiro, na hora que nossos filhos são assassinados. O Governo Federal se omite, nosso presidente é covarde. Vou fazer o possível, para que a atitude dos pais tenha reflexo, alcançando o sucesso no intento dos pais, que querem apenas um futuro digno para seus filhos”, disse em tom inflamado, o deputado Donald Fernandes do PSDB.

“A Assembleia Legislativa sempre tem levando sua voz em defesa do povo. Exigir providências do Itamaraty e mais agilidade do Governo Federal é nossa obrigação e da bancada federal. Concordo quando o deputado Donald diz que o Governo Federal é omisso na questão dos estudantes, mas está situação não é culpa exclusiva do governo Lula. Há muitos anos temos está relação, o governo brasileiro não é covarde, prima apenas pela boa relação, afinal somos vizinhos e não podemos mudar este fato. O diálogo deve ser estabelecido e tenho certeza que chegaremos a uma solução satisfatória”, se pronunciou Helder Paiva (PR) preferindo o tom conciliador.

O deputado Luiz Calixto (PSL) oposicionista ferrenho as administrações do Partido dos Trabalhadores (PT) surpreendeu em seu pronunciamento, não criticou o Governo Federal e elogiou a qualidade de ensino das faculdades bolivianas. As criticas de Calixto, foram todas direcionadas a atuação do consulado brasileiro, que segundo o deputado, dificulta a emissão de visto permanente.

Segundo o parlamentar os brasileiros vivem escondidos com vistos de turista, citando o exemplo da própria filha, que teve dificuldades para obter o visto de permanência, junto ao consulado brasileiro.

“As três faculdades bolivianas têm uma ótima qualidade de ensino, são limpas, estruturadas e quase a totalidade de estudantes é do Mato Grosso e do Acre. Não vamos criar uma situação de pânico, estive lá e sei que a realidade não é esta. Os crimes precisam de esclarecimento, concordo, mas não vejo a situação em Santa Cruz, diferente da realidade de qualquer cidade desenvolvida. O problema maior é o consulado brasileiro, que dificulta a emissão de vistos permanentes, nossos estudantes vivem escondidos, com visto de turista. O consulado brasileiro não serve para nada naquele país”, finaliza Calixto.

Economia movida pelo dinheiro dos estudantes brasileiros

A unanimidade no parlamento acreano é observada quando os parlamentares analisam o aspecto econômico. Todos concordam que a economia de Santa Cruz de La Sierra, depende em grande parte do dinheiro, dos estudantes brasileiros, que movimentam as principais atividades comerciais na cidade boliviana.

Os deputados esperam poder usar este importante trunfo, para negociar com as autoridades bolivianas. Levantamentos preliminares dão conta que mais de 60% dos estudantes nas faculdades do país vizinho, são brasileiros ativamente econômicos, que gastam grandes quantias mensais, em restaurantes, shoppings, transporte e lazer. O deputado Luiz Calixto vai mais longe ainda, dizendo que a economia de Santa Cruz, depende do dinheiro que os pais de estudantes, enviam mensalmente para as despesas dos filhos.

Chagas Romão lembra projeto de faculdade estadual

Os debates em torno da segurança dos brasileiros abriram espaço para um projeto antigo, do deputado Chagas Romão (PMDB), que aproveitou a deixa e reacendeu a discussão em torno de um projeto de sua autoria, que propõe a criação da Faculdade Estadual.

Romão, já apresentou o projeto em suas situações, mas em nenhumas das ocasiões, conseguiu emplacar a idéia junto à administração estadual. O parlamentar apresentou número que 60% dos alunos que concluem o ensino médio, não têm oportunidade de fazer um curso superior, não pela falta de vontade, mas pela falta vagas nas faculdades públicas.

Segundo o deputado seu projeto é perfeitamente viável, já que a estrutura do Estado permite a implantação de uma faculdade administrada pelo governo estadual. “Fui um dos parlamentares, que lutou para trazer o curso de medicina ao Acre. Flaviano Melo, quando senador abriu as portas para a implantação do curso no Estado. Jorge e Tião Viana concluíram esta realização. A implantação de uma faculdade estadual é perfeitamente viável, daríamos a oportunidade a centenas de jovens que não conseguem pagar para estudar em faculdades particulares”, lembra Romão.

 


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