Escolas Médicas do Brasil

Ordem volta a criticar mais cursos médicos

 20/12/2009

 

 

20 Dezembro 2009
 
 

Ordem volta a criticar mais cursos médicos

00h55m

ALFREDO MAIA

O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) voltou ontem a criticar a criação de novas faculdades de Medicina, sem garantias de condições para a realização de internatos da especialidade e emprego para novos médicos.

"Ainda esta semana foi necessário a Ordem lembrar a responsabilidade daqueles que, sem qualquer estudo prévio e sem garantias de poderem proporcionar os necessários internatos da especialidade, abrem indiscriminadamente faculdades de Medicina e vagas para estudantes", declarou.

Pedro Nunes falava no Porto na cerimónia de compromisso público ("Juramento de Hipócrates") de quatro centenas de novos médicos, na qual sublinhou os deveres destes profissionais e o papel da sua associação, recuperando a polémica que com os ministros da Saúde e da Ciência e Ensino Superior, que autorizaram um novo curso de Medicina na Universidade de Aveiro.

Recorde-se que a autorização foi considerada por Pedro Nunes "uma grande asneira" e que a ministra da Saúde, Ana Jorge, reagiu sublinhando que ainda "existem muitos portugueses que não têm médico de família e faltam também (profissionais de) algumas especialidades".

Abrindo a cerimónia de ontem, o presidente da Secção Regional do Norte da OM, Pedro Moreira da Silva, sustentou uma posição contrária, para atacar o "verdadeiro disparate" da criação de novas faculdades. "Um estudo do início da década de 90 do professor Alberto Amaral mostra que não precisamos de formar mais de mil médicos por ano", disse. Portugal tem cerca de 40 mil médicos, "o que dá um médico por 250 habitantes, o que está acima das médias da maior parte dos países europeus e é mais do dobro da média de Inglaterra", acrescentou.

"Esquecendo que foi a Ordem dos Médicos quem inicialmente alertou para a falta de médicos e para a desconformidade dos numerus clausus então em vigor, assiste-se agora ao discurso do corporativismo e da tentativa de dizer que Ordem quer impedir que haja mais médicos por uma questão de concorrência, sabe-se lá de quê", observou por seu lado Pedro Nunes.

Na mensagem aos 400 novos médicos, lembrou-lhes que desde ontem a sua "rotina serão as inúmeras derrotas de que é feito o dia-a-dia dos que se atrevem a lutar contra a doença e contra a inexorabilidade e a inevitabilidade da morte". "Saber aceitar as vossas limitações, a imensidão do desconhecido e as expectativas quantas vezes infundadas dos vossos doentes vai fazer a parte sofrida dos vossos dias", disse. 


TAGS