02/02/2010
Nosso país recebeu nos últimos dias algumas notícias preocupantes em relação a uma das áreas estrategicamente decisivas para seu desenvolvimento a educação. No ranking do Índice de Desenvolvimento Educacional produzido pela Unesco (Organização da ONU para Educação, Ciência e Cultura), o Brasil, entre os 128 países analisados, ocupa uma humilhante 88ª posição, pior colocado que nações menos desenvolvidas, como Equador e Paraguai. Diante da constatação unânime de que sem educação não há desenvolvimento – e de que uma estrutura de ensino precária será fonte de inevitável atraso econômico e social –, nada será mais prioritário para o país do que enfrentar essa situação. Por isso, crescem de importância os estudos que analisam a formação dos professores como uma das causas do fracasso da educação brasileira ou, pela outra ótica, como uma das qualificações necessárias para reverter essa situação.
O retrato do magistério brasileiro foi feito pela mesma Unesco em estudo intitulado Professores do Brasil: impasses e desafios. Nele, o professor brasileiro é visto como um profissional de nível superior cuja formação é, no entanto, precária sob vários pontos de vista, confirmando a pesquisa feita pela Fundação Carlos Chagas para a Fundação Victor Civita. A categoria dos professores está entre as menos valorizadas em termos salariais, suas faculdades são buscadas como uma das últimas opções por estudantes que não conseguiram eles mesmos boa formação. Uma carreira que, na Coreia do Sul ou na Dinamarca, por exemplo, rivaliza com Medicina ou Direito, em nosso país não consegue atrair as melhores cabeças. Mas isso ainda não é tudo. Os jovens que, mesmo assim, ingressam no magistério, o fazem tentando uma profissão que lhes dê oportunidades de ascensão social e cultural. Pois o poder público brasileiro não consegue, segundo a pesquisadora Bernardete Gatti, da Unesco, reconhecer e valorizar o desafio que esses professores enfrentam, nem canalizá-lo como um estímulo à qualificação do ensino e da profissão. Em vez de atrair professores de melhor status intelectual e profissional, a realidade brasileira leva ao contrário, à evasão dos melhores.
O enfrentamento dessa questão não pode ser retardado ainda mais. Como essa situação não se transformará de uma hora para outra, nem mesmo de um ano para outro, é decisivo que a educação seja tratada como algo de emergência nacional. O ranking da Unesco é constrangedor para um país que, como o Brasil, tem pretensões de ser potência ainda nesta geração. Se a questão educacional não for resolvida, até mesmo as chances que se abrem ao Brasil neste início de século poderão ser enfraquecidas ou postergadas.
O ano eleitoral é propício a que se renove esse debate. A educação brasileira e a revalorização do magistério o merecem.