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Sorocaba tem um médico para cada 323 moradores

 17/03/2010

 

 

PESQUISA DO CREMESP - [ 17/03 ]

Sorocaba tem um médico para cada 323 moradores

Notícia publicada na edição de 17/03/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 6 do caderno A - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.   Tamanho do texto (somente para monitor): 

  • Fábio Rogério  
  • Sorocaba está com o mesmo índice de médico por habitante que países como a Argentina e Irlanda

De 2000 a 2009 melhorou a relação de médicos por habitante em Sorocaba. Enquanto em 2009 a cidade registrou a existência de um médico para cada 323 moradores, em 2000 essa relação era de um médico para 345 pessoas. O resultado foi apurado em pesquisa do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), tomando-se por base o cadastro de profissionais legais.

De acordo com a pesquisa, o número de médicos em atividade profissional aumentou 27% de 2000 a 2009 em Sorocaba. Se comparado o número de profissionais por habitante, o percentual aumentou 6% naquele período, ou seja, agora existe um médico para cada 323 sorocabanos. O resultado superou a média estadual, que é atualmente de um profissional para cada 410 pessoas, e a nacional, que é um por 555.

Para a comunidade médica local, os números não são bem vistos. Além de não significar que esses profissionais de fato estão divididos proporcionalmente pelo número de habitantes, existem ainda duas vertentes. Por um lado o aumento de cursos de medicina, que justificaria o despreparo de profissionais e o acúmulo de médicos nas metrópolis, o que explicaria a ausência desses profissionais nas pequenas cidades devido à falta de estrutura.

 

Pesquisa

 

De acordo com a pesquisa, divulgada no última sexta-feira, dia 12, em 2000 havia 1.432 médicos e 493.468 habitantes em Sorocaba, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Isso pontua a taxa de 2,9 médicos para cada mil habitantes, ou seja, um profissional para 345 pessoas.

Em 2009 o número foi outro: 1.815 profissionais e 584.313 habitantes, taxa de 3,07 médicos por mil pessoas ou um profissional por 323 pessoas. Se comparado 2000 com 2009 houve elevação de 27% no número de médicos, 18% de habitantes e 6% de profissional por habitante.

Num ranking das 20 cidades paulistas com mais de 100 mil habitantes, Sorocaba ficou no 15º lugar, à frente de São José dos Campos, que ficou na 18ª posição com 1 x 374, taxa de 2,67. Porém, a cidade ficou atrás de Jundiaí, que emplacou em 9º, com 1 x 267 e taxa de 3,75, e muito atrás de Ribeirão Preto, que ficou em segundo lugar, com 1 x 163, taxa de 6,13, mas perdendo para Santos, com 1 x 158 e taxa de 6,34.

Sorocaba está com o mesmo índice de médico por habitante que países como a Argentina e Irlanda. Porém, a cidade está com taxas menores que a cidade de São Paulo, por exemplo, que tem um médico para cada 232 habitantes (taxa 4,3) e países como a Itália (com 1 x 270 - taxa 3,7) e Cuba (com 1 x 156, taxa 6,4).

 

Sorocaba

 

Para o conselheiro e diretor de fiscalização da Regional do Cremesp em Sorocaba, o médico João Marcio Garcia, a justificativa para o aumento dos profissionais é o aumento de faculdades com cursos de medicina. De acordo com ele, uma realidade de todo o País que tem prejudicado a imagem da categoria. Existem faculdades e faculdades. Muitas tem visão comercial e não de qualidade, sem estrutura adequada. Tanto é que o número de reclamações de médicos tem crescido consideravelmente nos últimos anos, falou.

Quem também concorda com o conselheiro é o diretor da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica (PUC) Sorocaba, José Eduardo Martinez. Segundo ele, além do número de faculdades ter crescido, a procura pelo curso também. Detalhou que no vestibular da PUC-Sorocaba do ano passado havia 14 candidatos para cada vaga e este ano foram 24 para cada uma das 100 vagas. O que me preocupa é a qualidade desses profissionais. Na prática, dentro do consultório faz diferença. Mas na hora de contratar um médico, marcar consulta, ninguém pergunta onde ele se formou, observou.

Além do aumento, a pesquisa também mostrou uma realidade triste. Dos 645 municípios paulistas, 148 não têm um único médico - exemplo Torre de Pedra.

 

Queixas crescem e sindicato cobra exame para formando

 

A estimativa do Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremesp) é que tenha aumentado em 50% o número de reclamações contra médicos em Sorocaba e região nos últimos cinco anos. O conselheiro da entidade, o médico João Marcio Garcia, frisou que não há dados específicos quanto a isso, mas garante que as queixas são mais frequentes. E para solucionar a questão e promover a qualidade profissional, o Sindicato dos Médicos de Sorocaba e Região defende a implantação de um exame nacional para os formandos de medicina.

Seria uma espécie de exame da Ordem dos Advogados do Brasil, por exemplo. Isso daria mais crédito aos recém-formados e o órgão, como o Cremesp, teria como regular essa qualidade. A comunidade só ganharia, disse o presidente do sindicato, o médico Antonio Sérgio Ismael. O conselheiro do Cremesp-Sorocaba informou que a situação é complexa e que para um exame ter a validade daquele da OAB, por exemplo, teria que haver alteração na legislação federal. Porém, nós, como representantes da categoria temos feito há seis anos, de forma voluntária ainda, exames de qualificação. Infelizmente a questão é que 60% dos voluntários não têm atingido nem a nota mínima exigida, lamentou.

 

 


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