19/03/2010
Aposentações
Catarina Duarte
18/03/10 00:05
A carência de médicos deverá ser compensada a longo prazo com o aumento de vagas e abertura de novos cursos de medicina.
Os sindicatos dizem que 600 médicos pediram a reforma em 2010. O Governo admite que as novas regras de aposentações estão a agravar ainda mais o problema e já está a preparar medidas para travar saídas.
O Governo está a preparar medidas para travar a saída em massa de médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), tendo criado um grupo de trabalho para estudar este problema. Desde o início do ano, 600 médicos já pediram a reforma antecipada, devido às novas regras previstas no Orçamento do Estado, disse ao Diário Económico Mário Jorge Neves, da Federação Nacional dos Médicos, o que compara com 401 no total do ano passado. O Ministério das Finanças não confirma o número deste ano, mas admite que a situação está a agravar-se.
"O que está a acontecer é um maior número de pedidos de aposentação antecipada por parte de médicos com idade a rondar os 60 anos", disse ao Diário Económico fonte oficial do Ministério das Finanças. E mais: "é natural que aquele número possa subir" devido à conjugação do agravamento da penalização na reforma antecipada de 4,5% para 6% com a aceleração da idade de reforma para 65 anos já em 2012/2013".
Face à situação, que o sindicato admite poder levar à ruptura de alguns serviços de saúde, o ministério de Teixeira dos Santos avança que "serão tomadas as medidas adequadas para responder ao problema". Contudo, abrir regimes de excepção para os médicos em matéria de reformas é uma solução posta de parte: "Não se antevê qualquer criação de um regime de excepção às penalizações das reformas antecipadas dos médicos nem uma excepção à aceleração da idade de reforma de 65 anos em 2012/2013", esclarece a mesma fonte, acrescentando que "as regras de aposentação antecipadas são iguais para todos os portugueses, sendo portanto uma questão de justiça e de equidade".
Comentários
João Gomes, | 18/03/10 01:14
Pois primeiro fazem as asneiras e depois, vêm tentar remediar o que é inevitável. Por este andar tem que os ir fazer a Beringel de barro. Todos os Portugueses estão a pagar a factura da má politica seguida pelos governos nos últimos anos com a saída dos médicos para o privado e para a aposentação, acompanhado dos números clausulus, impostos para entrar nas faculdades de Medicina,
ISABEL, LISBOA | 18/03/10 01:55
A reforma dos médicos aos 65 anos não é nem justa nem há nenhuma equidade, porque para lá de terem tido formações profissionais de mais de 14 anos (com custos pessoais enormes), muitos trabalham regimes de 42 horas semanais (ainda...) que incluem 32horas seguidas pelo menos uma vez/semana, sem sábados, domingos ou feriados garantidos como todos os outros "funcionários públicos". Também a responsabilidade e stress profissional não são iguais para todos os grupos profissionais na função pública. Quem faz tais afirmações só pode ser chamado de oportunista!!!!
P S, | 18/03/10 02:02
E agora a ordem dos médicos não vem dizer que há excesso de médicos em Portugal? O lobbie da ordem dos médicos é uma vergonha!
Ana Pires, Lisboa | 18/03/10 03:33
A maioria dos Técnicos de Saúde, não exclusivamente os médicos, sofre um desgaste muito elevado ao longo dos anos de exercício. Por muitas defesas que se criem, estamos a lidar com um factor muito delicado A SAÚDE de cada um de nós, pelo que há sempre envolvimento, frustração, sofrimento por parte de quem exerce este tipo de profissões e que contacta com os utentes. De há uns anos a esta parte temos vindo a assistir a uma verdadeira "caça às bruxas" em diversas áreas profissionais essenciais a qualquer país, começou na Saúde e tem vindo a arrastar-se até à educação. Somos todos metidos no mesmo saco (os bons e os maus) porque há de tudo transversalmente a qualquer profissão. É a pressão dos números, em deterimento da qualidade de trabalho, só falta alcunharem-nos de ladrões por receber ordenado e não fazer nada. A verdade é que num país que aposta sobretudo nos cuidados curativos e não preventivos, as necessidades de tratamento aumentam exponencialmente e, dado o contexto económico, diminuem-se exponencialmente também os profissionais necessários à resolução dos problemas existentes, continuando a não olhar para o futuro e não fazer prevenção. Só se pensa a curto prazo, em tudo e não exclusivamente na saúde. Além de continuar a pensar que estas profissões são de desgaste rápido, com riscos químicos e biológicos inerentes, que nunca são contemplados. É de louvar que uma classe profissional com a força que a classe médica tem, tome atitudes, com a consciência das suas consequências que salvaguardem os trabalhadores na generalidade. Não se pode prestar um bom serviço estando insatisfeito ou correndo o risco de nos violentarmos. A esperança de vida está a aumentar, mas as capacidades de cada pessoa diminuem no sentido inverso ao da esperança de vida. Estamos à espera de quê?
Sotachos, | 18/03/10 04:03
Surpreendidos? Depois deste Plano de Extorsão do Contribuite e do abismo irreversível, alguém quer viver a vida! Mas segundo Sócrates, esta notícia é simplesmente a aplicação do seu plano sai 3 não entra nenhum. Vou ali comprar uma raspadinha...
NapoLeão, | 18/03/10 07:52
Como algumas "cabecinhas" do poder só olharam para os seus umbigos...esqueceram-se da realidade e de quem anda a esgravatar todos os dias para ganhar a vida e ajudar a família. Se fossem só os médicos...
Marco Almeida, bruxelas | 18/03/10 08:43
"as regras de aposentação antecipadas são iguais para todos os portugueses, sendo portanto uma questão de justiça e de equidade". Isto é para rir ou para chorar?
Florival Nogueira, Setúbal | 18/03/10 10:16
Apertaram de tal maneira o tomate, que agora passe-lhes entre os dedos. Quem está a exegir sacrificios aos portuguese não tem força moral para o fazer pois até hoje continuam INTOCÁVEIS. "O pai de barriga cheia obriga o filho a fazer dieta porque a comida escasseia". Meu Deus que vergonha, uns que não veem, e os outros que massacram os cegos.
Chaparro, Alandroal | 18/03/10 10:42
Como a generalidade dos funcionários públicos saiem os que podem e porque não se sentem motivados a ficar . Muitos mais sairiam se tivessem a idade mínima e o tempo necessários para a reforma antecipada . Todos têm consciência que o futuro é incerto e cada vez pior .
Narcísica tísica, Beco dos perseguidos - País dos mentirosos | 18/03/10 10:51
Está mais que visto que este governo não gosta da função pública, quer destruí-la força para privatizar serviços de saúde, educação, etc. Então devemos sair todos de uma penada para que venham para cá os governates e os criticos invejosos do privado. Aliás deveria parar toda a função pública, médicos, enfermeiros, professores e os outros. Não horaram os acordos estabelecidos com os trabalhadores e como tal é lícito que deixemos todos a função pública. Um ministro que está tão preocupado com a redução do défice porque não abdica do subsídio de renda de casa que recebe?
António Carvalho, Lisboa | 18/03/10 11:50
Li o artigo de análise do ex-ministro de saúde Correia de Campos. De todas as análises que faz e de todas as soluções que encontra para este problema esquece-se da solução fundamental: criar mais faculdades de medicina. Claro que os lobis nunca o permitirão, mas isso é outra história.
Lígia Oliveira, Funchal | 18/03/10 14:17
Ora, e estavam à espera de quê???? Mas os médicos são burros ou idiotas para serem pisoteados e ficarem-se???? Isso só acontece com os outros fp que não têm alternativa senão comer e calar!!!! Agora os médicos???? Ah!ah!ah! Eles ganham 3 ou 4 vezes mais numa semana cá fora nos seus consultórios e em clínicas privadas do que nos hospitais e centros de saúde estatais!!!! Vão ficar na fp porquê, expliquem-me lá???? Para terem no fim uma reforma mixuruca qualquer??? Deixem-me rir!!!! Olhem, eu se fosse médica, era já! Agora querem "estancar" a saída destes? Sempre quero ver essa maravilha, será no mínimo um milagre se conseguirem que alguns fiquem!!!!
maria jose, lsiboa | 18/03/10 16:25
Se os reformados estivessem impedidos de voltar/continuar no mercado de trabalho, se calhar não se reformavam. É o caso dos médicos: QUANTOS MÉDICOS HA REFORMADOS POR INVALIDEZ (sim, sim leram bem) e continuam a trabalhar no privado! Se estão reformados, já recebem a sua reforma. Se querem continuar a trabalhar é porque não estão reformados. Mas como os que auferem reformas mais elevadas são os que continuam no sistema, está visto que esta "mama" vai continuar". Enfim.... resta um país de empregos de 500 euros para o povão, A caminho da China e da India, ainda não perceberam??