Escolas Médicas do Brasil

Uningá incinera provas de vestibular alvo de ação

 10/10/2011

  • Edmundo Pacheco

A Faculdade Ingá (Uningá), de Maringá, queimou todas as provas dos alunos que fizeram o vestibular da instituição no mês passado. Os documentos poderiam mostrar qual a verdadeira colocação dos candidatos no processo seletivo de Medicina e serviriam de provas numa ação movida por dois alunos que contestam os resultados.

Segundo o advogado dos estudantes que movem ação na Justiça contra o vestibular da Uningá, Altair Ramos, a destruição das provas lança ainda mais suspeitas sobre o processo seletivo. A confusão começou quando a faculdade divulgou uma lista de espera (segunda chamada) em que nomes de pelo menos 14 candidatos a uma vaga no curso de Medicina apareciam em duplicidade.

A lista esteve no site da instituição por apenas alguns minutos e em seguida foi corrigida, mas foi copiada por alguns alunos que suspeitaram que o erro pudesse esconder manipulação de resultados.

A faculdade informou que havia identificado o erro na publicação e descartou a hipótese de fraude. Mesmo assim, dois estudantes que se sentiram prejudicados entraram com um mandado de segurança, na 2ª Vara Federal de Maringá, exigindo ver suas pontuações e a pontuação do último colocado no concurso.

No dia 27 de setembro, o juiz da 2ª Vara, Marcos Cesar Romeira Moraes, determinou que a faculdade deveria pagar uma multa diária de R$ 1,5 mil e deu prazo de 2 dias para o cumprimento da decisão.

Segundo o advogado Ramos, a faculdade não cumpriu o prazo e só na última quinta-feira informou à Justiça que não tinha como apresentar as provas solicitadas porque tudo já havia sido incinerado.

"A surpresa nossa foi que, depois de passado o prazo legal para se manifestarem, informaram que não poderiam atender a determinação do juiz porque no dia seguinte ao esgotamento do prazo de recursos, que era de 24h, tinham incinerado todo o material. Faz 15 dias que foram intimados e nunca falaram que já haviam queimado tudo. É muito estranho", comentou.

Segundo Ramos, a situação jurídica da faculdade pode se complicar por causa da destruição das provas. "É uma situação incomoda para eles e agora ficamos à espera da decisão do juiz." O advogado disse que vai aguardar a decisão para resolver quais os próximos passos.

"Além disso, o Ministério Público vai ser intimado a se manifestar no mandado de segurança e deve tomar alguma atitude, afinal fere o interesse de aproximadamente duas mil pessoas", completou.

Procurada pela reportagem de O Diário para falar sobre o assunto, a diretora de Comunicação e Marketing da Uningá, Magali Roco, pediu que a solicitação de informações fosse enviada por e-mail. A jornal enviou os questionamentos, mas não recebeu as respostas até o fechamento desta edição.

 Para lembrar
O Conselho de Medicina do Paraná (CRM-PR) divulgou comunicado, no mês passado, alertando estudantes que a abertura de vagas no curso de Medicina da Uningá está "sub judice" e que os alunos devem estar preparados para eventual decisão de encerramento do curso. A instituição obteve autorização para funcionamento do curso em decisão proferida em caráter liminar do Tribunal Regional Federal da Primeira Região.


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