13/05/2013
Problema não se resolve só com a contratação', afirma Alexandre Garcia
Alexandre Garcia - G1 Globo.com - 13/05/2013 - Rio de janeiro, RJ
É uma situação surpreendente até mesmo nos grandes centros urbanos, mas o problema não se resolve só com a contratação de mais médicos. Na capital do país tem acontecido que o governo contrata para suprir falta de médicos, mas metade dos chamados desiste, por falta de meios.
Falta o básico, como luvas apropriadas, fio de sutura apropriado, antibiótico apropriado, sonda, roupa cirúrgica. Essa é a mesma causa que afasta os médicos do interior, no sistema público. A falta de equipamentos para fazer diagnóstico os deixa inseguros e desistem. Não se ouve falar que faltem médicos em hospitais privados bem equipados.
Será que os médicos estrangeiros se darão bem com a falta de meios e a falta de gerenciamento? Sim, se eles estiverem acostumados com isso, mas não é vantagem para os pacientes, que continuarão dependendo das ambulâncias das prefeituras, que os levam para cidades com mais recursos, entupindo hospitais com mais recursos e diminuindo a eficiência desses recursos.
Além disso, qual a garantia de que o médico estrangeiro é bem formado? Semana passada o Superior Tribunal de Justiça deu ganho de causa à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul contra um médico formado na Bolívia, mostrando que o caminho é a obrigação de revalidar o diploma submetendo-se à prova habitual.
A exigência está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Temer a prova significa não confiar na boa formação dos que vierem. Aliás, provas feitas pelo CRM de São Paulo mostram que também no Brasil a formação está deixando a desejar.