11/07/2013
Agência Estado - iG Último Segundo - 10/07/2013 - São Paulo, SP
Quem é que vai pagar a conta dos dois anos extras que o aluno de medicina ficará atrelado à universidade enquanto atua no Sistema Único de Saúde (SUS) ? Apesar de o Ministério da Educação (MEC) assegurar que as escolas não serão `oneradas`, a situação ainda assusta as instituições particulares. `Pode ser um problema se os alunos ficarem isentos de mensalidade nos últimos dois anos. Porque eles não estarão sozinhos no SUS, a universidade terá de dar suporte acadêmico, tutoria`, afirma o diretor da Faculdade de Medicina de Petrópolis (RJ), Paulo Cesar Guimarães.
Ele especula que uma forma de contrapartida do governo pode ser a isenção fiscal. Mas adianta que não será suficiente. `O funcionamento das instituições, principalmente das que investem em curso de ponta, depende do repasse de dinheiro, que vem das mensalidades.`
Menos candidatos
Guimarães afirma acreditar ainda que a decisão da administração federal pode fazer com que diminua o número de interessados pela carreira. Somado com o tempo de residência, um médico não entraria no mercado de trabalho com menos de 30 anos. `Em vez de aumentar o número de médicos, pode causar déficit ainda maior. Quem, aos 18 anos quer uma profissão em que levará mais de uma década para conseguir seu espaço?`
A coordenadora da Pós-Graduação da Fundação Getulio Vargas (FGV) para profissionais da saúde, Libânia Paes, concorda. `A proposta do governo massacra um período que seria de extrema produtividade do ser humano. Os dois anos só vão atrasar a formatura e fazer com que diminua o interesse pela área.`
Mais Médicos: Recrutamento de estrangeiros é criado por medida provisória
O coordenador de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Jefferson Braga, alerta para a falta de informações. `Levar o médico jovem ao interior implica tutoria e estrutura. Quem paga a conta?`
Procurado, o MEC afirmou que todo o apoio será dado às instituições, sem apresentar mais detalhes.
Diário Oficial
Nesta quarta-feira, 10, o governo republicou no Diário Oficial da União trecho da Medida Provisória do Programa Mais Médicos que dispõe sobre o treinamento do estudante de medicina no SUS. O novo texto amplia as atividades que o estudante desempenhará nesse período. Além de serviços de atenção básica, já previstos na redação anterior, o estudante também atuará nas ações de urgência e emergência.
A MP 621, que institui o Programa Mais Médicos, foi publicada na terça-feira, 09, no Diário Oficial da União. Além do treinamento de médicos no SUS, o Programa Mais Médicos inclui ainda o recrutamento de profissionais brasileiros e estrangeiros para trabalhar em áreas prioritárias , a abertura de 11.447 novas vagas para graduação e outros 12.376 postos de especialização em áreas consideradas prioritárias até 2017.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.