Escolas Médicas do Brasil

Medicina de qualidade - Editorial Diário de Cuiabá

 02/05/2008

Medicina de qualidade

Já faz algum tempo que os especialistas em Saúde Pública alertam para os reflexos – na maioria das situações, extremamente negativos – não apenas para a classe médica, mas para a população como um todo, no Brasil, da perda de qualidade do ensino médico.

Bem a propósito, o paulista Afiz Sadí, membro das academias de Medicina de São Paulo e de Minas Gerais e da Academia Nacional de Medicina, assinala, em artigo, que à perda da qualidade dos cursos somam-se o “inchamento” das escolas, o excesso de profissionais nos grandes centros, a escassez de empregos para os formandos e o desrespeito para com esses cidadãos de nível superior.

Por outro lado, o especialista destaca que a mediocridade médica aumenta de ano a ano, tendo em vista que, com a formação de dezenas de milhares de médicos, não há residência para todos, não há pós-graduação nem empregos, o curso é demorado, não há aprendizado suficiente e não há massa crítica ou hospitais de base. E, quando o profissional se dá conta, já está praticamente com a idade bastante avançada para o início verdadeiro de sua carreira e com dois ou três empregos abaixo de crítica.

Em meio a esse quadro preocupante, não há como negar, é reconfortante a notícia, publicada ontem por este Diário de que o curso de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) está entre as seis faculdades, das 103 existentes no País, que obtiveram nota máxima nos quesitos avaliados pelo Ministério da Educação para pontuar a qualidade do ensino.

O curso tirou a expressiva nota 5 no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e no Indicador de diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD), conforme divulgou o próprio MEC. As demais faculdades com notas máximas pertencem às universidades federais do Rio Grande do Sul, de Goiás, de Ciências da Saúde de Porto Alegre, de Santa Maria (RS) e do Piauí.

Em verdade, o MEC iniciou com as faculdades de Medicina nada menos do que um trabalho já realizado com os cursos de Direito e submete, neste momento, os de Pedagogia de todo o país: a supervisão da qualidade das faculdades. A intenção não é inibir a expansão do Ensino Superior no Brasil, mas garantir que a expansão tenha qualidade compatível com as funções exercidas pelos profissionais.

No caso da UFMT, esse fato é dos mais relevantes, considerando que a instituição acaba de sair de uma eleição para a escolha do futuro reitor e, durante os debates entre os candidatos, ficou bastante explícito que a universidade, entre tantas carências, parece sentir bastante a falta de qualidade do ensino.

Talvez esta seja uma oportunidade ímpar para que os dirigentes da UFMT se despertem para a necessidade de se envidar esforços no sentido de recolocar a instituição nos caminhos da modernidade. A população precisa de uma Medicina que não seja precária e medíocre.



“A população precisa de uma medicina que não seja precária e nem medíocre”



 


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