19/11/2011
Há pouco mais de 24 horas, fora divulgado o Resultado do ENADE 2010, e como não era de se esperar e de acordo com o Governo, 50 mil vagas podem ser reduzidas já para 2012.
Ainda na coletiva o Ministro Haddad disse que o Ensino Superior ainda tem “espaço para crescer”.
Atingimos a incrível marca com 185 Cursos de Medicina (novembro de 2011), 188 Cursos de Odontologia, 171 Cursos de Biomedicina, 298 Cursos de Educação Física, 682 Cursos de Enfermagem, 336 Cursos de Farmácia, 443 Cursos de Fisioterapia, 82 Cursos de Fonoaudiologia, 308 Cursos de Nutrição, 48 Cursos Terapia Ocupacional e 77 Cursos de Tecnologia de Radiologia. Ou seja, até o 2° semestre de 2010, havia 2.818 Cursos superiores da área de Saúde, desses 406 obtiveram um CPC ≤ dois, o que indica um ensino com pouca qualidade, ou seja, quase 15% dos cursos de saúde são ruins e, ainda temos que considerar os cursos que estão com “SC”, ou seja, “sem conceito”. Eles representam 766 cursos de Saúde que não haviam turmas concluídas no período de aplicação do ENADE 2010, isso representa quase 28% dos cursos superiores do país.
Presenciamos o Ensino Caótico Superior no Brasil, porque 28% dos cursos não foram avaliados ainda e 15% são considerados ruins, ou seja, 43% dos cursos superiores não podemos atestar sua qualidade. Vivemos hoje uma verdadeira “roleta russa” e alvo do “tiro” é simplesmente a sociedade Brasileira, que recebe profissionais despreparados. Assistimos diariamente Erros Médicos em todo o país, Farmacêuticos que pouco sabem de farmacologia, Enfermeiros administrando leite na veia de pacientes, e por aí vai. São profissionais que compraram os cursos dos “sonhos”, e levaram um “pesadelo” associado ao desemprego.
A abertura indiscriminada de cursos causa desvalorização profissional. Uma vez desvalorizado, dificilmente se atualizarão, e novamente caímos em um ciclo vicioso, onde o maior prejudicado é a sociedade. Portanto não temos espaço mais para crescimento do ensino superior da área de saúde no país, o mercado encontra-se saturado, os níveis de desemprego desses profissionais são os maiores de todos os tempos, e o que eles mais necessitam atualmente é de dignidade profissional.
A permanência do projeto de expansão de cursos da área de saúde atende apenas a dois anseios; do Governo em maquiar o número de pessoas com cursos superiores no intuito de melhorar o IDH (índice de desenvolvimento humano), e das empresas educacionais em que muitas são controladas por políticos do planalto, em que visam apenas ao lucro, e compromisso zero com a qualidade do ensino.
Se, Somos um País de Todos devemos ter uma qualidade educacional isonômica, ou seja, as discrepâncias de qualidade também é um abismo do acesso universal do ensino superior. Em nada adianta, abrirmos as portas do ensino superior, se muitas delas nos deparamos com o abismo.
O momento agora é organizar a casa, porque a festa ainda continua, e esperamos que esteja em suas horas finais. Enxugamos as vagas desses cursos ruins, esperarmos esses 28% dos cursos com “SC” serem avaliados no ENADE 2013, somente a partir daí pensarmos se realmente necessitamos de ampliarmos ainda mais um ensino superior de saúde Brasileiro tão amplo como é hoje, talvez o maior do mundo em número de cursos.
Em se tratando do Ensino Médico, não adianta criarmos cursos agora, pois somente daqui há 6 anos saberemos o comportamento do mercado de trabalho. O momento deve se dar na ampliação de vagas de Residência Médica, pois o país carece de médicos especialistas e não de generalista. As residências médicas duram em média duas ou três anos, assim em curto intervalo de tempo se consegue especializar os médicos.
Rodrigo R
19/11/2011