Escolas Médicas do Brasil

O EXERCÍCIO DA FUNÇÃO DOCENTE EM MEDICINA

 20/12/2012

Ao professor de Medicina é exigido um duplo esforço: de um lado pelos pacientes, que dele esperam apurados conhecimentos técnico-científicos e, de outro lado, requerido como professor, de quem se exige ampla bagagem de conceitos e conhecimentos, além de atitude criativa para tornar consequente a relação docente/aluno.”

                                                                       ( P.C.Silva )

 

O professor de Medicina é figura seminal para a educação médica. Ele é peça fundamental que propicia a ampliação das perspectivas de transformação nos cursos de medicina, principalmente no que se refere ao dia a dia pedagógico das experiências curriculares e dos métodos de ensino que privilegiem a construção do conhecimento, problematização, a interdisciplinaridade e a imersão na prática com treinamento em serviço.

Vários autores que se dedicam a educação médica afirmam que muitos professores de Medicina e coordenadores de curso “ não possuem qualquer preparo didático pedagógico e, que esse preparo, em muitos casos, se faz meramente instrumental, concebendo-se uma didática autônoma, com preceitos universais que se aplicariam aos diferentes “ conteúdos” e “ finalidades “ de áreas específicas.”

Na imensa maioria das vezes, o professor de Medicina nas escolas particulares é contratado sem concurso público, tendo-se como critério apenas a qualidade do seu desempenho de pesquisador ou profissional.

E na universidade pública, tem sido conferido um título de menor importância á função do ensino, mormente  da graduação, quando comparada à pesquisa. Os critérios de progressão na carreira docente se coadunam muito mais na produção científica que no exercício da docência – de estar do lado do estudante de medicina.

A formação em Medicina – já disse Nildo Alves Batista da UNIFESP, implica triangulação entre conhecimentos, habilidades  e atitudes – e eu, acrescentaria – competências.

A maioria dos docentes de Medicina, desconhecem a estrutura curricular formal do curso e a relação das disciplinas entre si. A coordenação do curso não promove seminários para discussão da grade curricular e nem se preocupa com a interdisciplinaridade. O conhecimento e a compreensão de propostas curriculares são fundamentais para uma atuação profissional de forma consciente, reflexiva, integrada e crítica.

Na maioria dos cursos de Medicina, as ações ligadas à dimensão pedagógica da função docente não tem sido objeto de maiores preocupações – aliás – são relegadas e esquecidas.

Parte-se , em geral, do princípio de que o professore é um excelente especialista e fez um curso de pós graduação  e que possui intrinsicamente formas de pensamento e habilidades técnicas essenciais à atuação em sala de aula.

Evidencia-se uma tendência a encarar com ceticismo ou descaso os aspectos pedagógicos da docência de nível superior e as ações de ensino – como se apenas o aspecto do profundo conhecedor de sua área de especialidade assegurasse a competência didático pedagógica.

João Carlos Simões / Professor Titular do curso de Medicina da Fepar

Ex – coordenador do curso de Medicina da Fepar


TAGS