06/01/2013
“ Os médicos são desunidos mesmo quando se amam, porque não possuem a mesma base econômica e a mesma perspectiva financeira de vida social” ( Julio Sanderson )
Médicos não são iguais, nunca serão. Médicos não pensam iguais sobre um mesmo assunto.
Médicos gostam sempre de discordar uns dos outros. Têm opiniões divergente sobre vários assuntos: acadêmicos, sociais, políticos e econômicos. Criticam e julgam uns aos outros mesmo sem uma reflexão crítica. Têm abundantes conflitos de interesses. Médicos falam muito, discutem demasiadamente e sentem tão pouco.
Alguns gritam rispidamente e desrespeitosamente e se exacerbam uns contra os outros. Não respeitam nem os mais vetustos. Nem quem foi, um dia, seu professor. Só sabem julgar e criticar, não sabem amar.
Alguns são bastante vaidosos e preconceituosos. Outros são prepotentes até com os pacientes mais humildes.
Uns são insensíveis, escutam só sua própria voz. Outros escutam atentamente o paciente. Uns examinam delicadamente e detidamente o ser humano. Uns palpam, auscultam e tocam. Outros nem sabem o que é um estetoscópio.
Uns conhecem a política de saúde. Outros desprezam todas as ações das entidades médicas: são abúlicos, amímicos e atímicos. Uns são motivados por dinheiro. Outros por honorários justos.
Engana-se redondamente quem pensa que médicos só são unidos por interesse econômico. Nem por isso são. Uns são salariados e poucos perfeitos liberais. Uns tem carteira de trabalho assinada. Outros são médicos de família contratados por 8 horas diárias. Há quem atenda consulta de planos de saúde. Pouquíssimos atendem só pacientes particulares.
A dependência econômica de cada um é diferente. Os caminhos econômicos dos futuros profissionais será cada vez mais ditado pelas políticas delirantes do governo federal com a expansão inconsequentes de vagas e cursos de medicina e pela desvalorização dos honorários profissionais conduzidos pelos planos de saúde e pelo SUS.
Uns leem tudo, jornais, revistas e até romances. Outros nem jornais leem. Alguns escrevem e publicam para deixar um legado a novas gerações.
Uns dão aulas e gostam de estudantes: ensinam hipocraticamente os estudantes como se fossem os seus próprios filhos. Outros dão aulas, mas não gostam de ensinar e nem dos estudantes. Alguns são bons preceptores da residência médica. Outros desprezam os médicos residentes e pensam que são mão de obra barata.
Muitos são sociopatas. Alguns impregnados de solidariedade e humanismo.
Apesar de todas essas diferenças e ambiguidades, os médicos deveriam sempre estar unidos pela ética, porque sem ética não existe a medicina.
João Carlos Simões
Fundador e Editor da Revista do Médico Residente do CRM PR.