Escolas Médicas do Brasil

Escolas Médicas: a quem interessa?

 22/07/2005

A quem realmente interessa a abertura de novas escolas na área de saúde,
e principalmente para Medicina?

Recentemente o Conselho Federal de Medicina lançou a pesquisa "O Médico e o seu trablho" que mostrou a formação do médico ocorrendo 70,6% em escolas de Medicina públicas, dentre elas, 61,6% têm Residência Médica. Verificou-se também que das 12 principais formadoras de médicos no Brasil, seis estão na Região Sudeste, o que temos como conclusão de que os médicos preferem ter a sua formação e especialização, em instituições públicas e na Região Sudeste.

As principais entidades nacionais representativas da classe médica (AMB, CFM, CMB) já se posicionaram contrárias à abertura de novas escolas médicas e lutam na esfera federal para que o Conselho Nacional de Saúde tenha sua opinião terminativa e não consultiva, como é hoje, além de defender o projeto de lei do hoje líder do PT na Câmara Federal, deputado Arlindo Chináglia (SP), que prevê uma moratória de 10 anos para abertura de novas escolas médicas.

Existe no MEC até recentemente 617 pedidos de novas escolas na área de saúde, felizmente em março o CFM obteve junto ao Ministro da Educação, 60 dias de moratória, quando já havia no ano passado conseguido 180 dias.

O fato das entidades médicas serem contrárias às aberturas de novas escolas não diminui a chance de formação médica, mas sim o que existe é a pretensão de se estabelecer critérios para que não haja o mercado saturado e nem faculdades sem qualidade, principalmente em defesa do cidadão, do usuário e da boa formação do profissional de Medicina.

Sabemos da grande pressão para a abertura de novas escolas médicas principalmente em cidades do interior, mas não vemos neste fato uma necessidade social, e sim interesse puramente financeiro de "empresários da educação" e ou interesses eleitoreiros de alguns políticos que só olham para o próprio umbigo.

Sabemos também que uma escola de Medicina requer uma estrutura cara, complexa e principalmente completa e que dificilmente é disponibilizada pelas entidades que aguardam permissão para funcionar, além de escassos recursos humanos para que as mesmas funcionem a contento proporcionando uma boa formação.

Achamos que deveria ser pensada a possibilidade de se fechar às escolas ruins, antes de se pensar em abrir novas.

Nós médicos capixabas temos que estar atentos e ficar de olhos bem abertos pois seremos os responsáveis por essa fiscalização que nos interessa principalmente pela boa formação ética de um profissional médico responsável e bem qualificado, e não para os comerciantes que querem obter vantagens vendendo matrículas, produzindo novos vestibulares, criando grandes fábricas de novos médicos com fáceis diplomas, não se importando absolutamente com a qualidade e tão somente com os seus lucros.

Gostaríamos de alertar aos médicos que inocentemente ou não, os mesmos poderão ser usados como "bodes expiatórios" na tentativa de construção desta hipótese absurda, na visão das entidades médicas e das pessoas de bom senso.


Ricardo José Baptista é conselheiro sub-corregedor do Conselho Regional de Medicina no ES


Fonte: Gazeta Online


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