27/07/2007
Amazônia (ainda) sem médicos — 2 |
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Sexta, 27 de julho de 2007. | ||
Regina Coeli Franco, mãe de um médico formado em Cuba, “ético e apaixonado pela profissão”, escreve-nos para bradar contra o corporativismo e a miopia que imperam dentro do Conselho Federal de Medicina. O pensamento da senhora Regina reflete tantos outros semelhantes, Brasil afora.
“O evidente intuito de fazer reserva de mercado da profissão de médico no País tem criado todo tipo de entrave para que os brasileiros formados no exterior não consigam exercer a profissão em seu próprio País, in casu, nesse imenso Brasil, propiciando com sua política burra e egoísta, que cada vez mais brasileiros residentes especialmente no Norte e Nordeste morram à míngua à falta de médicos em suas regiões”. “Como se já não bastasse a miséria a que são condenados a viver e, onde um médico (quando aparece) é considerado um deus, dado a sua importância para aquelas pessoas. (...) Na Europa (Espanha, especialmente) meu filho teve seu diploma reconhecido e revalidado em apenas três meses, com direito a inscrição no Conselho de Medicina, a emprego muito bem remunerado, e até exercer a profissão em qualquer outro país pertencente a comunidade européia, se assim o desejar. Bom, não é? Mas ele gostaria de poder trabalhar em seu País, assim como todos que se encontram na mesma situação.
“Não estou contando isso para dizer que ele não só está muito bem obrigado, mas também para demonstrar que alguma coisa está muito errada no Brasil, já que, pelo que nos consta a Espanha possui um sistema de saúde pública dos mais conceituados do mundo, além de estar inserida no contexto que entendemos como sendo "Primeiro Mundo".
Nem por isso renega os profissionais formados em Cuba. Ao contrário, apressa-se a revalidar os diplomas emitidos naquele País, certamente porque os profissionais ali formados têm demonstrado a excelência de sua formação acadêmica como médico em todos os sentidos, principalmente no aspecto do conhecimento científico, técnico e ético, o que os fazem exercer a profissão com um senso maior de humanidade e eficiência profissional, sem permitir que o interesse mercantilista da medicina tão evidente em nosso País, se sobreponha a esses valores, o que de fato transforma uma boa parcela dos médicos aqui formados em maus profissionais como diariamente se tem notícia pela imprensa nacional.
“Se assim não fosse, aqueles com diplomas oriundos das universidades brasileiras teriam o mesmo tratamento na Espanha ou em qualquer outro país considerado do primeiro mundo e, não é bem assim que acontece. Tal conclusão nos leva a crer, que realmente, algo está errado no Brasil no que se refere aos entraves para revalidação de títulos de graduação em medicina expedidos por universidades estrangeiras, notadamente por Cuba. Será que as universidades daqui são tão boas, tão eficientes a ponto de desprezar o currículo do curso de medicina daquele país? Por que será que na Europa tais títulos são tão bem aceitos? |