Escolas Médicas do Brasil

Nasce a Ordem Médica de Sergipe - por Deborah Pimentel

 22/10/2008

 

/ Colunistas / Déborah Pimentel

20/10/2008 09:41

 

Nasce a Ordem Médica de Sergipe


Há muito tempo ouve-se falar em uma Ordem Médica, a exemplo da Ordem dos Advogados do Brasil. A idéia discutida nacionalmente foi ventilada pela primeira vez pelo psiquiatra vanguardista Prof. José Hamilton Maciel e Silva, 20 anos atrás.

Em outubro de 1998, Antonio Celso Nunes Nassif era o presidente da Associação Médica Brasileira. Ele convocou as três entidades de maior representatividade da categoria dos médico, a Associação Médica Brasileira (AMB), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Nacional dos Médicos (FENAM), para fundarem a Ordem dos Médicos do Brasil (OMB).

Por inúmeras razões a OMB nunca saiu do papel. O motivo principal, nunca admitido, mas que paira no imaginário da categoria médica é que a OMB não se concretiza porquanto a questão de divisão de poder. Qual das entidades teria mais poder sobre as outras? Enquanto se pensar em arrecadação, em controle e poder, a OMB jamais será fundada.

Em Aracaju, no jantar de confraternização natalina da Academia Sergipana de Medicina no final do ano passado, Lúcio do Prado Dias lançou os nomes de três confrades que efetivamente tornaram-se lideranças em 2008 e tomaram posse nas principais entidades médicas: esta articulista, re-eleita como presidente da Academia Sergipana de Medicina, Petrônio Gomes é o novo presidente da Sociedade Médica de Sergipe, e Henrique Batista, mais um imortal, eleito presidente do Conselho Regional de Medicina. Somados a este grupo, o colega José Menezes foi re-eleito para comandar o Sindicato dos Médicos de Sergipe.

Henrique Batista lançou na sua plataforma a idéia de resgatar a antiga proposta do imortal José Hamilton Maciel Silva: o sonho da OMB. Ele propôs que aqui em Sergipe, as quatro entidades pudessem trabalhar conjuntamente. Nosso trabalho integrado seria um protótipo da OMB.

Algumas resistências surgiram no seio do Sindicato com relação à participação da Academia neste grupo, por termos uma formação diferenciada. Alegou-se que não tínhamos representatividade. Se representatividade significa ser eleito por todos os médicos, de fato não temos. Porém representatividade é algo que está no campo do simbólico e a Academia é indubitavelmente respeitada por todos os nossos pares.

A Academia, que tem como missão o resgate e manutenção da história da Medicina, é formada por 40 nomes, expoentes da arte hipocrática no nosso Estado que deram significativa contribuição científica, cultural e social à causa médica, constituindo-se com seu corpus uma reserva científica, ética e moral – isto é representatividade.

O fato de sermos (as lideranças) quase todos oriundos da Academia já nos dá uma forte identidade e um desejo de melhor servir à categoria dentro deste grupo proposto.

José Menezes, Presidente do Sindicato, por sua vez, sempre se revelou um entusiasta da academia, mesmo antes da proposta de Henrique, e sempre fez questão de solicitar a presença desta nas discussões e negociações realizadas em defesa da classe. Esta, nunca se omitiu e sempre se fez presente quando convidada através do Dr. Petrônio Gomes, convocado para esta função.

Enfim, José Menezes defende de forma categórica que a Academia faça parte deste colegiado que representaria a classe médica dando demonstração de corporativismo e força.

A idéia é criar uma espécie de fórum, onde trabalharemos em colegiado em grandes decisões e pleitos, sem que as entidades percam, no entanto, as suas funções específicas.

Com este fórum, mostraremos coesão nas nossas posições, seremos mais ouvidos e daremos demonstração de força e maturidade diante das autoridades e das políticas públicas de saúde, diante dos próprios colegas médicos que se sentirão mais acolhidos e respeitados e diante da população em geral, no sentido de resgatarmos a dignidade e o orgulho no exercício da Medicina.

Oportunidade também para que o próprio médico reflita acerca da sua real importância e que ele próprio se valorize não banalizando a sua prática, trabalhando de forma ética e não se submetendo a salários e condições ignóbeis.

Viva a Ordem dos Médicos de Sergipe! Esta proposta é um bom presente para se comemorar o dia do médico. Ainda há esperança quando quatro entidades falam a mesma língua e comungam as mesmas idéias, salvaguardando as diferenças em um belo exemplo e exercício de tolerância.
 


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