26/02/2009
Segunda maior unidade do estado é referência para mais de 400 mil.
Bebê nasceu morto e família denuncia demora no atendimento.
Há quase dois meses, a saúde pública no Rio Grande do Norte passava por um caos por causa a falta de profissionais de saúde, enquanto o contrato do governo com as cooperativas médicas não era renovado. Agora, médicos do Hospital Santa Catarina, o segundo maior do estado, expõem as péssimas condições da unidade - onde um bebê nasceu morto na segunda-feira (23).
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Não era o primeiro filho de Mirlene dos Santos, mas conseguir atendimento nunca tinha sido tão difícil. “Fui para a Januário Cicco. Cheguei lá e a menina disse que não tinha pediatra, então não iria ficar comigo e me encaminhou para cá. Quando eu cheguei no Santa Catarina estava superlotado”, contou.
A criança acabou nascendo na noite de quarta-feira (25), no Hospital Santa Catarina, referência para mais de 400 mil pessoas. O bebê sequer chegou à enfermaria, que está lotada. Outras sete mães com seus filhos também estão em macas no corredor da ala pré-parto.
Falta de estrutura
Na principal sala de parto do hospital, onde acontece a maioria dos nascimentos, o ambiente está cheio de insetos, sujo e com infiltrações. Nesse local, os bebês recebem os primeiros atendimentos.
Procedimentos básicos estão deixando de ser feitos por falta de estrutura no hospital.
"Esses bebês deveriam estar em alojamentos conjuntos, em uma enfermaria onde deveria ter os seus primeiros cuidados: o banho, principalmente, e a administração de vitamina K", afirmou a neonatologista Giana Escóssia.
“Eu fico olhando assim. Eu também nunca passei por isso não, mas a gente fica com medo de chegar a hora da gente ganhar neném e ficar na mesma situação”, desabafa Ana Paula Silvino, que está grávida de oito meses e internada por causa de pressão alta.
Os médicos admitem que a situação é crítica. Segundo eles, há apenas um anestesista de plantão e o número de obstetras é insuficiente.
"O grande medo da gente é que, de repente, cheguem duas emergências e a gente tenha que escolher quem vive e quem morre, já que o anestesista é impedido, por lei, de fazer duas anestesistas simultaneamente”, afirmou o anestesista Gleide Santos Tomáz.
Bebê nasce morto
Na segunda-feira, um bebê foi retirado sem vida da barriga da mãe. Os médicos disseram que ele tinha morrido vinte e quatro horas antes, mas a família denuncia demora no atendimento.