Escolas Médicas do Brasil

Medicina em risco

 14/01/2011

14 de janeiro de 2011 | N° 9051Alerta

 

Medicina em risco,

por Desiré Carlos Callegari

*Desde 2005, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) avalia o desempenho dos estudantes do sexto ano de Medicina das escolas médicas paulistas. Em 2010, 43% foram reprovados na primeira fase e 68% não passaram na segunda etapa, uma prova prática que simula situações de atendimento médico. Mesmo considerando as limitações de um exame, que é facultativo, a alta reprovação pode ser um indicador de falhas graves no ensino de graduação em Medicina e na formação de novos médicos em São Paulo, que já concentra 30 escolas médicas, que formam 2,3 mil jovens médicos por ano.

O Exame do Cremesp, uma proposta inovadora, dá um recado que precisa ser levado em conta. O ensino médico vai de mal a pior, e os atuais mecanismos de avaliação usados pelas próprias faculdades e o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) são insuficientes para provocar as mudanças necessárias. À qualidade duvidosa de boa parte das escolas médicas brasileiras, soma-se outro problema: brasileiros e estrangeiros formam-se em cursos do exterior - em Cuba, Bolívia, Paraguai, dentre outros países -, que não garantem o mínimo de conhecimentos, habilidades e competências requeridos para o exercício da medicina.

Com diplomas de cursos que não exigem vestibular e cobram mensalidades mais baratas dos que as escolas privadas brasileiras, centenas de recém-formados entram na ilegalidade e muitos atuam no Brasil, nas regiões de fronteira e periféricas, colocando em risco a saúde do povo. Por isso, ao mesmo tempo em que defendemos uma reforma do ensino médico no Brasil, somos contrários à aceitação automática de diplomas estrangeiros e defendemos rigoroso processo de revalidação, além do incremento na fiscalização do exercício ilegal da Medicina em defesa da população.


* Presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo

 


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