14/04/2012
Entidades médicas defendem continuidade da revalidação de diplomas
Atual legislação obriga formados no exterior a fazer o exame de revalidação para exercer a Medicina no Brasil
O governo federal pretende facilitar a entrada no Brasil de médicos estrangeiros (e de brasileiros formados no exterior), com a alteração das regras para homologação de diplomas do exterior. A medida está sendo discutida na Casa Civil da Presidência da República e nos Ministérios da Saúde e da Educação.
O Cremesp, a Associação Paulista de Medicina (APM), a Academia de Medicina de São Paulo e os sindicatos dos médicos de São Paulo, Campinas, Santos e Sorocaba, entre outras entidades, criticaram a possível mudança nas regras, defendendo a continuidade do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos expedidos por Universidades Estrangeiras (Revalida), aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O exame é obrigatório para o médico que deseja revalidar seu diploma obtido em escola estrangeira e receber autorização para trabalhar no país, uma vez que é exigência para o devido requerimento de inscrição no CRM.
A proposição do governo acontece no momento em que as entidades médicas denunciam a precariedade do ensino médico e a autorização desenfreada de novos cursos sem condições de funcionamento, além da falta de recursos da União para o Sistema Único de Saúde (SUS). Em crítica à eventual mudança de critérios, a nota oficial do Cremesp (ver box) declara que a flexibilização de diplomas estrangeiros poderá colocar em risco a saúde da população, além de não resolver o problema da falta de médicos em regiões em que há carência de profissionais. Por sua vez, representantes de 17 países, reunidos no V Fórum Ibero-Americano de Entidades Médicas, assinaram a Declaração de Florianópolis, a ser entregue ao governo, também manifestando-se contra a revalidação automática de diplomas de Medicina.
Distribuição de médicos
A mudança das normas sobre diplomas estrangeiros faz parte de um plano do governo federal (ver abaixo) de aumentar a quantidade de médicos no país, cuja meta é chegar a 2,5 profissionais por mil habitantes até 2020. De acordo com o estudo Demografia Médica no Brasil, divulgado pelo CFM e Cremesp, em dezembro de 2011, a taxa média nacional é de 1,95 médico por habitante.
A tese de que faltam médicos é refutada pelas entidades médicas. Representantes dos Conselhos Regionais de Medicina e do Conselho Federal de Medicina, reunidos em Brasília, em 7 de março, divulgaram nota oficial contrária às propostas do Governo. O comunicado ressalta que “o problema não está no número de médicos, mas em sua má distribuição, o que dificulta o acesso ao atendimento e gera vazios assis¬tenciais, inclusive nas periferias dos centros urbanos”. E que “para combater esse dilema, espera-se a implementação de políticas públicas – como a Carreira de Estado”.
Nota pública das entidades médicas de São Paulo
Em defesa do Revalida
Conselho Regional de Medicina de São Paulo
Associação Paulista de Medicina
Academia de Medicina de São Paulo
Sindicato dos Médicos de São Paulo
Sindicato dos Médicos de Campinas
Sindicato dos Médicos de Santos
Sindicato dos Médicos de Sorocaba