08/06/2012
Há vários anos estamos vivendo no âmbito das entidades médicas. Isto tem nos proporcionado conhecer e sentir os problemas que normalmente afligem a classe médica do nosso País. Entender porque somos fracos, porque não somos solicitados dar parecer sobre assuntos ligados à política de saúde e porque as grandes empresas nos colocam sempre contra a parede e muitas vezes nos postam de joelhos. Apenas um exemplo: nesse tempo todo, nunca o presidente da AMB, do CFM ou da FENAM foram convidados ou recebidos pelo presidente da República. Afinal, representam 220 mil médicos brasileiros. Número expressivo e significativo. Os que comandam o MST....? Estes preocupam e são recebidos. Nos EUA, a Associação Médica Americana impõe respeito e é honrosamente considerada pelo governo e Congresso daquele País.
O associativismo brasileiro é extremamente dividido e subdividido. Só no contexto da Associação Médica Brasileira participam cerca de 1.206 entidades, todas elas legais e juridicamente constituídas, com estatutos, diretorias e associados próprios. Nas demais, outro tanto engrossa a lista das associações, conselhos e sindicatos, que ainda não se deram conta de que a globalização na área da Saúde está caminhando a passos largos, incluindo-se ai países vizinhos integrantes ou não do Mercosul. A interferência latino-americana também se faz presente em algumas situações. Tamanha divisão, que só enfraquece o poder e impede reivindicar direitos e princípios, dá aos oponentes, que são muitos, a oportunidade para tirar vantagens e até mesmo subjugar segundo seus interesses econômicos e não éticos.
Mas, centrando a discussão só aqui no Brasil, a situação está a exigir uma discussão profunda, rápida e desprendida de qualquer interesse político, partidário ou de grupos. É a dignidade e o respeito à nossa profissão que estão sendo postos à prova. Ou abrimos nossos olhos e apuramos nossos ouvidos, ou seremos em breve, como médicos e profissionais, uma “raça em extinção”. O fortalecimento da classe médica por meio de uma entidade única, forte e representativa, neste momento, é extremamente necessária e até, emergencial.
Foi pensando assim que em 21 de abril pp. a AMB em reunião do seu Conselho Deliberativo com a Diretoria Plena decidiu aprovar o inicio das discussões para a criação da ORDEM DOS MÉDICOS DO BRASIL – OMB, que reuniria as três entidades nacionais e todas suas federadas, regionais, associações médicas e sociedades de especialidades de todo o País.
Como fazer isso? É simples: começando a discussão em todos os níveis, nacional, estaduais e regionais. Não importa o tempo que levar. O fundamental é a conscientização de que, neste processo evolutivo quase que globalizado, quem não estiver unido nunca será forte o suficiente para nada.
A Associação Médica Brasileira vai dar a partida e convidar todos os demais segmentos, dentro e fora do seu contexto, para o grande debate. O Conselho Superior das Entidades Médicas pode ser um bom começo para essa discussão. É o que pretendemos fazer e rapidamente.
Dr. Antonio Celso Nunes Nassif
Presidente da AMB
Agosto de 1998