10/05/2011
Extraído do livro a publicar "Saúde Solidária- seguridade médica para todos", de autoria de João Hélio Rocha.
O Ensino Médico e a Distribuição de Médicos
Too many cooks spoil the broth.
(provérbio inglês)
O ENSINO MÉDICO
A evolução do ensino médico no País no período 1965 a 2010 aflora como uma das causas das disfunções da assistência médica. Enquanto, no período 1965 a 2010 a população brasileira aumentou 133% o número de médicos aumentou 770%. Observou-se, assim, um profundo descompasso entre os percentuais de aumento de população e os de aumento do número de médicos. Porém, a distribuição de médicos pelo território nacional é bastante irregular, cheia de contrastes, tanto entre estados como dentro de uma mesma cidade ou município. Esta concentração certamente será maior ainda neste porque a população está se estabilizando, mas a criação de escolas não. Há uma forte concentração de médicos nas cidades de tamanho médio e nos grandes centros urbanos, onde também se observa uma apreciável rarefação de médicos nas zonas periféricas das áreas metropolitanas. Também há poucos médicos nos estados mais pobres, situados nas Regiões Norte e Nordeste, em relação aos estados mais ricos. Levar assistência médica às áreas densamente povoadas dos subúrbios dos grandes centros e às cidades satélites é um grande desafio, pois o perfil demográfico do País tem mudado muito. De acordo com o Censo 2010, de cada cinco habitantes, quatro residem na área urbana (84,36% da população); apenas 29,8 milhões de pessoas vivem na zona rural (15,64%) Outro fenômeno demográfico importante foi o direcionamento deste movimento migratório para os grandes centros, formando densos conglomerados metropolitanos; mais de 30% da população brasileira vivem nas Regiões Metropolitanas. Estes dois fenômenos afetam a distribuição de médicos no território nacional e devem ser levados em conta nas políticas de saúde que visem à redistribuição territorial destes profissionais.
Devemos igualmente ressaltar uma observação do Dr. Adib Jatene, ministro da Saúde, na primeira vez que ocupou o ministério (período fevereiro a outubro/92), em entrevista à imprensa, quando declarou que a carência de assistência médica é mais acentuada na periferia das metrópoles porque atinge um contingente populacional muito maior. Observa-se também menor coesão social da população metropolitana em comparação com a do pessoal do campo porque o relacionamento pessoal é mais superficial nos grandes centros. O habitante da zona rural, vivendo numa sociedade tradicional e mais conservadora, com relacionamento pessoal sedimentado, embora enfrentando dificuldades de locomoção, de certa forma, tem mais facilidade de conseguir assistência médica do que o habitante da periferia metropolitana porque existe maior solidariedade entre as pessoas naquele estrato social.
Estes elementos nos permitem concluir que, para proporcionar uma boa assistência médica para a população de baixa renda da periferia dos centros urbanos (muito numerosa) e para a população das zonas rurais mais pobres (menos numerosa), é indispensável que se adote um sistema de custeio que inclua toda a população e que estimule a fixação de profissionais de saúde nestas áreas. Somente assim se conseguirá reduzir a desigualdade de oferta de serviços nestes locais mais pobres em comparação com a oferta abundante nos bairros citadinos de renda mais elevada. Estas considerações guardam profundas relações com o elevado número de médicos que o País passou a formar todos os anos e a qualificação destes profissionais.
O déficit de médicos que se observava até a década de 60 no século XX tem sido visto pelo governo principalmente em termos quantitativos, ficando em segundo plano os aspectos qualitativos e distributivos. Ao nosso ver, a qualificação e a distribuição são de maior importância, sem menosprezar a magnitude da abertura do ensino universitário a todas classes sociais. Até 1965 o Brasil possuía 38 faculdades de medicina; daquele ano a 2010 foram criadas mais 142 escolas médicas. Os mais de 15 mil médicos que são graduados a cada ano são atirados num mercado de trabalho distorcido nos seus objetivos e plenamente saturado na polarização atual que se esmera no tratamento de doenças e dá pouca ênfase na prevenção e na educação para a saúde. Com um corpo docente numericamente insuficiente para atender ao aumento abrupto de demanda de ensino, médicos da rede assistencial foram convocados para funções de professorado sem a qualificação testada.
Muitos não estavam didaticamente preparados ou não dispunham de tempo para o magistério. Dados da CINAEM (Comissão Interinstitucional de Avaliação do Ensino Médico), comentados pelo Jornal da AMB, de agosto/97, comprovam a afirmação: apenas 31% dos docentes possuem mestrado e 20%, doutorado. A grande maioria é constituída por médicos com residência. Pouco mais de 20% dos entrevistados referiram uma dedicação à pesquisa de 10 ou mais horas semanais; além disso, dedicavam 20 ou mais horas semanais à assistência médica e ou ao ensino. Cerca de 12% dos docentes trabalhavam 10 horas semanais ou mais em atividades administrativas na faculdade de medicina.
A consequência nefasta mais evidente destas situações foi a queda do padrão do ensino em muitas escolas médicas, mas devemos ressaltar que muitas delas venceram estes obstáculos e mantiveram o seu padrão de qualidade e até o melhoraram. Um número muito grande de críticas e sugestões tem sido oferecido continuadamente por entidades e associações médicas desde a década de 60 visando corrigir as distorções e deficiências que se avolumam no ensino médico. Não obstante estes estudos, o Ministério da Educação, a quem cabe a palavra final, tem autorizado o funcionamento de mais e mais faculdades sem considerar estas sugestões.
O estudante de medicina sente-se iludido antes mesmo do fim do curso, pois muitas destas faculdades, não raro, encontram-se instaladas em cidades com hospitais obsoletos e com limitados recursos humanos, materiais e financeiros para prestar assistência médica, quanto mais para servirem como hospitais de ensino. Migram então, após concluírem as cadeiras básicas teóricas, para os grandes centros aonde também numerosas escolas médicas foram fundadas no mesmo imediatismo inconsequente. Lá encontram barreiras no próprio meio estudantil que sente escassear a possibilidade de estágios nos seus hospitais pela chegada de novos pretendentes. De certo modo, a criação de faculdades de medicina guardava relação com o estágio de desenvolvimento socioeconômico e político da região. As duas primeiras escolas médicas foram criadas em 1808 em Salvador, na Bahia e no Rio de Janeiro, então as duas principais cidades do Brasil-Colônia. A Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará é de 1919, que corresponde ainda às influências socioeconômicas do ciclo da borracha. Porém, existe uma série de cidades, umas próximas das outras, que não se caracterizam nem pela tradição do ensino universitário, nem pelo desenvolvimento socioeconômico, nem pela organização política, nem pela necessidade regional de médicos que criaram faculdades de medicina.
Estas escolas enfrentam permanentes dificuldades de sobrevivência, não conseguem investir suficientemente no seu aparelhamento e não têm como contratar um número maior de professores qualificados. Muitas não possuem hospitais e nem centros de treinamento em saúde. Devido a isso, elas se comportam como exportadoras de alunos para cidades maiores após a conclusão dos anos básicos. Em virtude deste contexto negativo, uma grande parcela destas escolas não tem condições de fornecer aos alunos a qualificação desejada.
A baixa qualidade do ensino leva o estudante à superespecialização precoce. Esta, ao que parece, é uma saída para encobrir a falta de conhecimento geral em medicina que não lhe foi suprido e que é de incorporação sedimentar (4). Qualquer médico, mesmo recém-graduado, pode se intitular um especialista porque a qualificação não é regulamentada oficialmente; basta colocar a placa na porta do consultório ou empunhar o bisturi no hospital e registrar-se no Conselho Regional de Medicina do estado. A sociedade civil, por intermédio da Associação Médica Brasileira, foi quem procurou dar conceito à qualificação técnica comprovada, conferindo o "Título de Especialista pela AMB" somente para aqueles que são aprovados nos exames instituídos pela entidade.
Embora a prestação destes exames não seja obrigatória os médicos que a eles se submetem e conseguem aprovação têm o reconhecimento de seus pares e dos empregadores cada vez mais. Podemos constatar a existência de dois Brasis no ensino médico e na saúde. O primeiro é o Brasil das metrópoles e cidades médias, com hospitais-escola de algumas universidades dotados de equipamentos e tecnologia de Primeiro Mundo. Estes hospitais têm grande concentração de profissionais médicos e paramédicos, os quais não só operam estes equipamentos como também deles dependem, pois muitos realizam medicina de ponta e necessitam dispor destes equipamentos de alto preço. O segundo Brasil é o Brasil dos pequenos municípios, os quais sentem a falta dos avanços tecnológicos e que se utilizam na prática das técnicas básicas da medicina, com diagnósticos e tratamentos baseados na experiência profissional onde a clínica, pelo caráter subjetivo inerente ao exercício da assistência médica, é soberana aos laudos técnicos. Estes, porém, muitas vezes, são pouco conclusivos nas mãos de quem não tenha um conhecimento geral da medicina. A boa adequação, tanto para o ensino médico como para a assistência médica, será idealmente a mescla destas duas situações: a medicina das evidências clínicas, fornecidas pela interlocução com o paciente (anamnese) e o exame físico, conjugadas, quando necessário, com as evidências fornecidas pela tecnologia dos exames de laboratório e de imagem (radiografias, ultrassonografias, etc.).
O Projeto Rondon - criado em 1967, extinto em 1989 e novamente em atividade desde janeiro/2005 - ajuda muito neste mister. Atende a duas finalidades porque serve simultaneamente ao estudante, que pode colocar em prática o que aprenderam na teoria, e ao País com a prestação de assistência em regiões carentes e longínquas. Ao levar estudantes para o interior do Brasil, o Projeto Rondon dá-lhes condições de praticar a futura profissão sob supervisão atuante do profissional da localidade e lhes permite conhecer a realidade fora do campus universitário citadino. Uma das consequências foi a fixação do profissional no interior depois de formado, pois juntavam-se a vontade de servir (comum nos recém-formados) com a oportunidade de trabalho (escassa nos grandes centros e vislumbrada no interior por quem já estivera trabalhando por lá). E a isto se somava a confiança adquirida em conseguir desempenhar o trabalho médico com autonomia.
Mas, já são numerosos os casos de médicos que retornam aos grandes centros porque descobriram, desiludidos, que ficavam nas mãos dos prefeitos, poderosos donos da saúde no interior do Brasil com a advento do SUS. O Projeto Rondon, nos seus primeiros 22 anos de existência, cadastrou 350 mil estudantes de várias áreas profissionais e contou com a participação de 13 mil professores.
O médico brasileiro, tão logo diplomado, parte, na sua maioria, para o imediato exercício da profissão sem o respaldo da experiência dirigida. A este respeito, o professor Clóvis Salgado, ex-ministro da Educação, já falecido, comentara certa vez, em artigo na Revista da AMB, que "a tradição brasileira é a liquidez do diploma". No Brasil, ainda hoje, o certificado de conclusão do curso médico é ao mesmo tempo licença para praticar a profissão. A única exigência é registrar-se no Conselho Regional de Medicina do estado em que for trabalhar.
SUBSÍDIOS DO RELATÓRIO FLEXNER APLICÁVEIS AO BRASIL
Pesquisando o ensino médico em outros países, encontramos surpreendentes similaridades entre a inquietante situação do ensino médico no período 1965 a 2010 no Brasil com a não menos desconcertante situação do ensino médico no período 1906 a 1933 nos Estados Unidos e no Canadá (um domínio britânico até 1931 e pouco habitado). Em 1906, os Estados Unidos, então com 87 milhões de habitantes e o Canadá, com população de 6 milhões, tinham 160 faculdades de medicina com ensino precário, sem currículo regulamentado, mal equipadas e com deficiências qualitativas e quantitativas no corpo docente. Grande parte delas encarava o ensino médico como atividade meramente lucrativa.
Estas escolas diplomavam anualmente dezenas de milhares de médicos, acima das necessidades da América do Norte e a assistência médica deixava muito a desejar (notem a similaridade com a situação atual em nosso País). Houve uma tomada de posição para mudar radicalmente aquela situação que se tornara insustentável. E quem tomou posição foi a sociedade civil. A Fundação Carnegie para o Avanço do Ensino, presidida pelo educador e professor de Astronomia, Henry S. Pritchett, contratou o professor Abraham Flexner, um educador e professor de Grego, com a incumbência de fazer um estudo sobre as escolas médicas. Flexner pensou que Pritchett estivesse confundindo-o com o seu irmão, o Doutor Simon Flexner, médico e ilustre professor de Anatomia Patológica, descobridor de uma bactéria importante do gênero Shigella que leva o seu nome, a Shighella flexneri; chamou a atenção para o fato de que ele não era médico e nunca tinha colocado os pés numa faculdade de medicina. Henry Pritchett, que presidiu o Fundação Carnegie de 1906 a 1930 e presidiu também o Massachusetts Institute of Technology (MIT), retrucou: "- É exatamente o que eu preciso. Eu penso que estas escolas profissionais devam ser estudadas não sob o ponto de vista do praticante da profissão, mas do ponto de vista do educador."
Durante quatro anos, de 1906 a 1910, Flexner visitou cada uma das 160 escolas (todas, sem exceção) e elaborou um extenso e minucioso relatório, publicado como Boletim nº 4 pela Fundação Carnegie. Este documento, hoje considerado um clássico em pesquisa de ensino, é leitura obrigatória para quem se interesse pelo aperfeiçoamento do ensino médico sobretudo em países em desenvolvimento, que têm sérias dificuldades nesta área. Suas proposições foram seguidas à risca. Quase uma centena de escolas médicas - precisamente 94 - foram fechadas no período de 1910 a 1933. Para as remanescentes foram estipuladas normas de funcionamento com obrigatoriedade de serem vinculadas a uma universidade ou a hospitais de ensino previamente qualificados.
Foi também estabelecido um processo de aferição da capacidade técnica do aluno após a graduação, conhecido pela designação "State Board". A licença para a prática médica passou a ser concedida somente após a aprovação do médico no exame de suficiência. O professor Abraham Flexner, falecido em 1959, deixou uma vasta obra sobre educação médica; publicou diversos livros e escreveu também sua autobiografia, intitulada I Remember, An Autobiography (1940). Nela descreve situações ridículas: uma faculdade de medicina, sabedora da visita de Flexner nos próximos dias, como não satisfizesse alguns quesitos para funcionar, pregou caprichosamente numa porta a placa "Laboratório de Anatomia Patológica".
Flexner queria ver o laboratório e pediu que abrissem a porta. O diretor da escola disse que era impossível porque o professor responsável viajara e levara a chave. Mas o porteiro do prédio, novato no emprego, estragou tudo quando disse inocentemente que o professor deixara a chave com ele. Quando a porta foi aberta, Flexner deparou com algo inusitado: não havia sala, havia apenas a porta em fundo falso, colocada dias antes. Como se vê, o "jeitinho" americano não funcionou. Flexner conta que foi até ameaçado de morte quando dava prosseguimento à liquidação de uma faculdade de medicina. Ele trabalhou neste mister até 1933 quando a última escola proscrita encerrou suas atividades. Após cumprir esta missão, Flexner exerceu diversos cargos e funções no ensino médico, ajudando no aprimoramento deste campo na América do Norte até o fim da sua vida. As raízes da moderna medicina científica norte-americana residem nesta reorganização educacional.
O ano de 1933 tornou-se um marco: a partir daquele ano, os Estados Unidos (então com 125 milhões de habitantes e o Canadá (10,5 milhões) (9) passaram a ter apenas 66 faculdades de medicina, todas confiáveis e que formavam médicos habilitados, em quantidade suficiente na época para as necessidades de saúde dos norte-americanos. (Figuras 1 e 2). Atualmente, a população da América do Norte é de 345 milhões de 148 escolas médicas (USA: 131 + Canadá: 17). O Brasil, com 190,4 milhões, bem menos habitado, tem 180 escolas, mais que Estados Unidos e o Canadá juntos. O Brasil, que tem mania de copiar tanta coisa dos Estados Unidos, desta vez não o fez e está perdendo o bonde da História. Neste caso, realmente, o que foi bom para os Estados Unidos cem anos atrás poderá ser bom também para o nosso País agora no século XXI.
Figura 1
Localização das 160 Escolas Médicas Existentes
nos Estados Unidos e no Domínio do Canadá em 1910
Figura 2
Localização sugerida no Relatório Flexner em 1910
para as 66 Escolas Médicas dos Estados Unidos
e do Domínio do Canadá após o fechamento de 94 Escolas.
Fonte das figuras 1 e 2: Mapa original do Relatório Flexner (Carnegie Foundation)
Pela projeção do número de diplomações anuais de médicos e tendo em vista a tendência de estabilização do crescimento populacional, o Brasil já está graduando médicos acima das necessidades atuais e futuras. A desordenada proliferação das escolas de medicina se destaca como o diferencial dos problemas do ensino médico. A ausência de critérios mais precisos para fixação do número de matrículas no início do curso, as deficiências na educação médica e a falta de direcionamento dos alunos para o mercado de trabalho são outros grandes obstáculos atuais. Análises e proposições se amontoam nas entidades médicas. Importante também foi o Exame Nacional de Cursos Superiores na área da medicina, popularizado com a denominação de Provão, cujos resultados estão disponíveis no site do Ministério da Educação na internet.
Foram avaliados não só os alunos, submetidos a exames, como também o corpo docente, as instalações e o projeto didático-pedagógico. Por estes aspectos, o substituto do Provão - o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - poderá se comportar, em linhas gerais, como uma versão nacional do Relatório Flexner se a vontade política brasileira tiver a firme determinação da vontade norte-americana no terço inicial do século XX quando não fez concessões na aplicação dos preceitos estudados.
A caótica situação do ensino médico e da assistência médica na América do Norte no princípio do século passado só foi resolvida graças à firme decisão de transformar aquela incômoda conjuntura, tomando-se como base uma acurada análise do problema. Os Estados Unidos e Canadá demoraram quatro anos para fazer um diagnóstico de situação, expresso no Relatório Flexner (1906 a 1910). Consumiram vinte e três anos (1910 a 1933) para cumprir as metas estabelecidas. Foi operação difícil, delicada e de longa duração. É certo que lá não havia o terrível complicador que temos entre nós, o "jeitinho", cacoete cultural negativo e prática desmoralizante que mina os valores intrínsecos da sociedade porque corrompe a ética no trabalho e nas relações humanas. No caso brasileiro, todas as evidências das distorções do ensino médico já são conhecidas e analisadas, mas também não se pode fazer uma generalização tão ampla porque muitas escolas médicas são de bom padrão e isto se reflete na boa medicina que se pratica nos mais diversos pontos do País em várias especialidades médicas e que têm reconhecimento mundial. Um filósofo francês, cujo nome ingratamente esquecemos, disse que nem sempre uma verdade evidente significa um princípio de ação.
É necessário coragem, decisão política, firmeza e continuidade. Sem isso, teremos apenas palavras, e novamente mais simpósios, mais comissões, conferências e seminários a discutir eternamente o óbvio e a enxugar gelo. Este trabalho mostra que as discrepâncias do ensino médico prejudicam o estudante de medicina e contribuem expressivamente para o mau financiamento do sistema de saúde brasileiro, tanto o público como o privado. Portanto, é impostergável a adoção de medidas que melhorem o ensino médico. A melhora tanto do ensino médico como o do funcionamento do sistema de saúde podem ocorrer simultaneamente.
A proliferação desordenada de faculdades de medicina no Brasil, superconcentradas nas Regiões Sudeste e Sul, produz reflexos profundamente negativos tanto no ensino médico como na qualidade da assistência médica e não contribui para se atender às necessidades sanitárias e sociais da população pois há rarefação de profissionais nas áreas necessitadas (bairros periféricos nos grandes centros e nos municípios pouco populosos no interior) contrastando com a superconcentração de médicos nas melhores áreas urbanas.
IV - ANEXOS MÉDICOS
Anexo 1
Distribuição de Médicos nos Estados (dezembro/2010)
Estados |
Médicos |
População |
Habitantes |
1. RJ |
52.231 |
15.993.583 |
306 |
2. DF |
7.813 |
2.562.963 |
328 |
3. SP |
93.098 |
41.252.160 |
443 |
4. RS |
22.688 |
10.695.532 |
471 |
5. ES |
6.171 |
3.512.672 |
569 |
6. MG |
33.459 |
19.595.309 |
589 |
7. PR |
16.028 |
10.439.601 |
651 |
8. SC |
9.251 |
6.249.682 |
675 |
9. MS |
3.341 |
2.449.341 |
733 |
10. GO |
7.606 |
6.004.045 |
789 |
11. PE |
10.667 |
8.796.032 |
825 |
12. SE |
2.424 |
2.068.031 |
853 |
13. RN |
3.496 |
3.168.133 |
906 |
14. PB |
4.057 |
3.766.834 |
928 |
15. AL |
3.349 |
3.120.922 |
932 |
16. BA |
14.158 |
14.021.432 |
990 |
17. CE |
8.280 |
8.448.055 |
1.020 |
18. RR |
434 |
451.227 |
1.040 |
19. MT |
2.877 |
3.033.991 |
1.055 |
20.. AM |
3.137 |
3.480.937 |
1.110 |
21. PI |
2.680 |
3.119.015 |
1.164 |
22. TO |
1.101 |
1.383.453 |
1.257 |
23. RO |
1.217 |
1.560.501 |
1.283 |
24. AC |
545 |
732.793 |
1.345 |
25. PA |
5.291 |
7.588.078 |
1.434 |
26. AP |
454 |
668.689 |
1.473 |
27. MA |
3.180 |
6.569.683 |
2.066 |
BRASIL |
319.033 |
190.732.694 |
596 |
Fontes dos dados dos Anexos: População: Censo 2010. Número de médicos em atividade: Conselho Federal de Medicina (www.cfm.org.br), dezembro/2010. Não foram computados 9.417 médicos com endereço desatualizado. No Anexo 3 consta o número destes profissionais não computados por estado da federação.
Anexo 2
Distribuição de Médicos nas Capitais (dezembro/2010)
Médicos |
População |
Habitantes |
|
1. Vitória, ES |
3.036 |
325.453 |
107 |
2. Porto Alegre, RS |
11.250 |
1.409.939 |
125 |
3. Florianópolis, SC |
2.697 |
421.203 |
156 |
4. Belo Horizonte, MG |
14.317 |
2.375.444 |
166 |
5. Rio de Janeiro, RJ |
35.867 |
6.323.037 |
176 |
6. Recife, PE |
8.145 |
1.536.934 |
188 |
7. Curitiba, PR |
8.196 |
1.746.896 |
213 |
8.Goiânia, GO |
5.324 |
1.301.892 |
244 |
9. São Paulo, SP |
45.878 |
11.244.369 |
245 |
10. Aracaju, SE |
2.290 |
570.937 |
249 |
11.João Pessoa, PB |
2.586 |
723.514 |
280 |
12.Salvador, BA |
9.416 |
2.676.606 |
284 |
13.Natal, RN |
2.771 |
803.811 |
290 |
14.Maceió, AL |
2.948 |
932.608 |
316 |
15.Belém, PA |
4.070 |
1.392.031 |
342 |
16.Cuiabá, MT |
1.547 |
551.350 |
356 |
17.Fortaleza, CE |
6.631 |
2.447.409 |
369 |
16.Campo Grande, MS |
2.104 |
787.204 |
374 |
19.Teresina, PI |
2.123 |
814.439 |
383 |
20.São Luís, MA |
2.297 |
1.011.943 |
440 |
21.Palmas, TO |
421 |
228.297 |
542 |
22.Brasília, DF |
4.545 |
2.562.963 |
564 |
23.Manaus, AM |
2.954 |
1.802.526 |
610 |
24.Boa Vista, RR |
416 |
284.258 |
683 |
25.Porto Velho, RO |
620 |
426.558 |
688 |
26.Rio Branco, AC |
428 |
335.796 |
784 |
27.Macapá, AP |
422 |
397.913 |
942 |
Total nas capitais |
183.299 |
45.435.330 |
248 |
Concentração de médicos: 22 das 27 capitais estaduais têm menos de 600 habitantes por médico. E entre elas, 10 têm menos de 250 habitantes por médico.
Anexo 3
Distribuição de Médicos em Atividade nas Capitais e no Interior
Estado |
Capital |
% |
Interior |
% |
Capital + Interior |
Endereço desatualizado |
RR |
415 |
95,84% |
18 |
4,16% |
433 |
7 |
AM |
2.877 |
93,47% |
201 |
6,53% |
3.078 |
191 |
AP |
401 |
93,26% |
29 |
6,74% |
430 |
1 |
SE |
2.217 |
94,26% |
135 |
5,74% |
2.352 |
8 |
AL |
2.912 |
88,00% |
397 |
12,00% |
3.309 |
29 |
CE |
6.360 |
80,04% |
1.586 |
19,96% |
7.946 |
8 |
RN |
2.654 |
79,41% |
688 |
20,59% |
3.342 |
68 |
PI |
1.972 |
78,94% |
526 |
21,06% |
2.498 |
16 |
PA |
4.088 |
78,62% |
1.112 |
21,38% |
5.200 |
126 |
AC |
420 |
78,50% |
115 |
21,50% |
535 |
2 |
PE |
8.010 |
76,29% |
2.489 |
23,71% |
10.499 |
576 |
MA |
2.195 |
73,12% |
807 |
26,88% |
3.002 |
117 |
GO |
5.122 |
69,86% |
2.210 |
30,14% |
7.332 |
29 |
RJ |
35.226 |
68,63% |
16.101 |
31,37% |
51.327 |
309 |
BA |
9.143 |
66,59% |
4.588 |
33,41% |
13.731 |
455 |
MS |
2.019 |
63,43% |
1.164 |
36,57% |
3.183 |
1 |
PB |
2.562 |
64,03% |
1.439 |
35,97% |
4.001 |
24 |
DF |
4.800 |
62,06% |
2.935 |
37,94% |
7.735 |
211 |
MT |
1.462 |
51,79% |
1.361 |
48,21% |
2.823 |
30 |
PR |
7.849 |
50,98% |
7.546 |
49,02% |
15.395 |
506 |
RO |
596 |
50,51% |
584 |
49,49% |
1.180 |
6 |
RS |
11.090 |
49,54% |
11.294 |
50,46% |
22.384 |
608 |
ES |
2.986 |
49,11% |
3.094 |
50,89% |
6.080 |
0 |
SP |
44.552 |
48,97% |
46.417 |
51,03% |
90.969 |
2.274 |
MG |
13.670 |
43,11% |
18.043 |
56,89% |
31.713 |
236 |
TO |
389 |
39,06% |
607 |
60,94% |
996 |
87 |
SC |
2.635 |
29,32% |
6.352 |
70,68% |
8.987 |
26 |
Brasil |
178.622 |
57,53% |
131.838 |
42,47% |
310.460 |
5.951 |
Anexo 4
Escolas de Medicina (até 31/12/2010)
L: (Localização), Ano de Criação (Vagas no 1º ano) (Administração): P= Particular (100=55,56%); F=Federal (47 escolas=26,11%); E=Estadual (26=14,44%) M= Municipal (7=3,89%).
Região Norte (18 escolas) (1.290 vagas) |
|
PA (4) (390 vagas) |
Universidade Fed. do Pará - UFPA - (Belém) 1919 (150 vagas) (F) Univ. Estado do Pará - UEPA - (Santarém) 1970 (40) (E) Fac. Estadual de Med. do Pará - UEPA - (Belém) 1971 (100) (E) Centro Univ. do Estado do Pará - CESUPA - (Belém) 2006 (100 (P) |
AM (3) (292) |
Fund. Univ. do Amazonas - UFAM - (Manaus) 1965 (112) (F) Univer. do Estado do Amazonas - UEA - (Manaus) 2001 (120) (E) Cent. Univ. Nilton Lins - UNINILTONLINS - (Manaus) 2001 (60) (P) |
RR (1) (28) |
Universidade Federal de Roraima - UFRR - (Boa Vista) 1993 (28) (F) |
RO (4) (170) |
Univers. Federal de Rondônia - UNIR - (Porto Velho) 2002 (40) (F) Fac. Int. Maria Coelho Aguiar - FIMCA - (Porto Velho) 2004 (40) (P) Faculdade São Lucas - FSL - (Porto Velho) 2005 (40) (P) Fac. de Ciênc. Bioméd. de Cacoal-FACIMED-(Cacoal) 2006 (50) (P) |
TO (4) (340) |
Fac. Medicina de Araguaína - FAHESA - (Araguaína) 1999 (80) (P) Curso Med. Fac. Filosof. e C. Hum.-UNIRG-(Gurupi) 2002 (120) (M) Fac. Pres. Ant. Carlos-ITPAC (Porto Nacional) 2004 (60) (P) Universidade Federal do Tocantins - UFT - (Palmas) 2007 (80) (F) |
AC (1) (40) |
Univ. Federal do Acre - UFAC - (Rio Branco) 2002 (40) (F) |
AP (1) (30) |
Univ. Fed. do Amapá - UNIFAP (Macapá) 2010 (30) (F) |
Região Nordeste (38 escolas) (3.274 vagas) |
|
BA (7) (603) |
Univ. Fed. da Bahia - UFBA - (Salvador) 1808 (160 vagas) (F) Esc. Baiana Med. e Saúde Pública - EBMSP -(Salvador) 1953 (200) (P) Univ. Estadual de Santa Cruz - UESC - (Ilhéus) 2000 (40) (E) Un. Est. Feira de Santana - UEFS - (Feira de Santana) 2002 (30) (E) Un. Est. Sudoeste da Bahia-UESB-(Vitória da Conquista) 2004 (30) (E) Faculd. de Tecnologia e Ciências - FTC - (Salvador) 2004 (100) (P) Univ. Est. Sudoeste da Bahia -UESB- (Jequié) 2009 (43) (E) |
SE (2) (150) |
Fundação Univ. Fed. de Sergipe - UFS - (Aracaju) 1961 (100) (F) Universidade Tiradentes -UNIT- (Aracaju) 2009 (50) P |
AL (2) (130) |
Universidade Federal de Alagoas - UFAL - (Maceió) 1951 (80) (F) Esc. Ciênc. Méd. de Alagoas - UNCISAL - (Maceió) 1968 (50) (E) |
PE (4) (490) |
Univ. Fed. de Pernambuco - UFPE - (Recife) 1920 (140) (F) Fac. C. Méd. - Un. Est. Pernambuco - UPE - (Recife) 1951 (150) (E) Fund. Univ. Fed. do Vale do S. Fco. - UNIVASF - (Petrolina) 2003 (80) (F) Faculdade Boa Viagem - FBV-IMIP - (Recife) 2005 (120) (P) |
PB (6) (530) |
Univ. Fed. da Paraíba -Campus I - UFPB -(João Pessoa) 1951 (100) (F) Un. Fed. Paraíba-Campus II-UFCG-(Campina Grande) 1979 (80) (F) Fac. Med. Nova Esperança - FACENE - (João Pessoa) 2004 (160) (P) Fac. Ciênc. Méd. da Paraíba - FCMPB - (João Pessoa) 2004 (100) (P) Fac. de Ciências Médicas - FCM - (Campina Grande) 2005 (80) (P) Univ. Federal de Campina Grande -UFCG (Cajazeiras)- 2007 (80) (F) |
RN (3) (236) |
Univ. Fed. Rio Grande do Norte - UFRN - (Natal) 1955 (90) (F) Univ. Est. Rio Grande do Norte - UERN - (Mossoró) 2001 (26) (E) Universidade Potiguar -UNP - (Natal) 2006 (120) (P |
CE (7) (652) |
Univ. Fed. do Ceará - UFC - (Fortaleza) 1948 (160) (F) Fac. de Med. J. do Norte - FMJ - (Juazeiro do Norte) 2000 (100) (P) Univ. Fed. do Ceará - UFC - Campus Sobral (Sobral) 2000 (160) (F) Un. Fed. Ceará - Campus de Barbalha -UFC- (Barbalha) 2000 (60) (F) Univ. Estadual do Ceará - UECE - (Fortaleza) 2002 (40) (E) Faculdade Christus Christus - FCC - (Fortaleza) 2005 (112) (P) Universidade de Fortaleza - UNIFOR - Fortaleza 2006 (120) (P) |
PI (4) (302) |
Fundação Univ. Fed. do Piauí (Teresina) - UFPI - 1966 (80) (F) Fundação Univ. Est. Piauí (Teresina) - UESPI - 1998 (42) (E) Fac. Saúde C. Hum. e Tecn. - NOVAFAPI - (Teresina) 2004 (100) (P) Fac. Integral Diferencial do Piauí - FACID - (Teresina) 2004 (80) (P) |
MA (3) (181) |
Fund. Univ. Fed. Maranhão - UFMA - (São Luís) 1958 (96) (F) Centro Univ. do Maranhão - UNICEUMA - (São Luís) 2002 (55) (P) Universidade Estadual do Maranhão - UEMA - (Caxias) 2002 (30) (E) |
Região Sudeste (82 escolas) (8.005 vagas) |
|
MG (28) (2.562) |
Fac. Med. Univ. Fed. MG - UFMG - (Belo Horizonte 1911 (320) (F) Fac. Ciênc. Méd. de MG - FCMMG - (Belo Horizonte) 1951 (80) (P) Fac. Med. Univ. Fed. JF - UFJF - (Juiz de Fora) 1952 (160) (F) Fac. Med. Triângulo Mineiro - UFTM - (Uberaba) 1954 (80) (F) Fac. Med. Univ. Fed. - UFU - (Uberlândia) 1968 (40) (F) Fac. Medicina de Itajubá - FMIT - (Itajubá) 1968 (100) (P) Fund. Ens. Sup. Vale Sapucaí-UNIVAS-(Pouso Alegre) 1969 (70) (P) Fac. Med. Norte Minas-UNIMONTES-(Montes Claros) 1969 (78) (E) Fac. Med. de Barbacena -FAME-FUNJOB -(Barbacena) 1971 (50) (P) Fac. C.. Méd. - Univ. Alfenas - UNIFENAS - (Alfenas) 1988 (160) (P) Inst. Metrop. Ensino Superior-FAMEVAÇO-(Ipatinga) 1998 (100) (P) Univ. de Uberaba-Curso de Med.-UNIUBE - (Uberaba) 1997 (100) (P) Centro Universit. de Caratinga - UNEC - (Caratinga) 2001 (44) (P) Univ. Pres. Antônio Carlos - UNIPAC - (Juiz de Fora) 2002 (60) (P) Un. J. Rosário Vellano - UNIFENAS - BH- B. Horizonte 2003(160) (P) Fac. da Saúde e Ecologia Humana -FASEH (Vespasiano) 2003 (80) (P) Univ. Vale do Rio Verde-UNINCOR - (Três Corações) 2003 (80) (P) Fac. Ciências Méd. e da Saúde - FCMS - (Juiz de Fora) 2004 (100) (P) Univ. Pres. Antº Carlos- FAME-UNIPAC -(Araguari) 2004 (60) (P) Inst.de Ciênc. Saúde -ICS -FUNORTE (Montes Claros) 2005 (80) (P) Faculdade Atenas - FA - (Paracatu) 2005 (100) (P) Univers. Fed. de Ouro Preto - UFOP- (Ouro Preto) 2006 (80) (F) Centro Universitário de Belo Horizonte - Uni BH- 2007 (60) (P) Uni Fed. de São João del Rei - UFSJ (Divinópolis)- 2007 (60) (F) Centro Univ. de Patos de Minas - UNIPAM - (Patos) 2007 (60) (P) Universidade de Itaúna- UIt - (Itaúna) 2007 - (100) (P) Fac. Integradas Pitágoras-FIP-MOC- (Montes Claros) 2007 (100) (P) Univ. Federal de Viçosa - UFV -(Viçosa) 2010- (50) (F) |
ES (5) 500 |
Univ. Fed. do Espírito Santo - UFES - (Vitória) 1961 (80) (F) Esc. Med. Sta. Casa de Miser.- EMESCAM - (Vitória) 1968 (120) (P) Centro Univ. do Espírito Santo - UNESC - (Colatina) 2004 (100) (P) Faculdade Brasileira -UNIVIX - (Vitória) 2005 (80) ( P) Centro Universit. Vila Velha - UVV - (Vila Velha) 2006 (120) (P) |
RJ (18) (2.372) |
Fac. Med. Univ. Fed. RJ - UFRJ - (Rio de Janeiro) 1808 (192) (F) Esc. de Med. e Cirurgia - UNIRIO - (Rio de Janeiro) 1912 (140) (F) Fac. Med. Univ. Fed. Fluminense - UFF - (Niterói) 1929 (160) (F) Fac. Ciênc. Méd. -Univ. Est. RJ -UERJ-(Rio de Janeiro) 1935 (94) (E) Fac. Med. Univ. Gama Filho - UGF - (Rio de Janeiro) 1965 (400) (P) Fac. Med. de Petrópolis - FMP - (Petrópolis) 1967 (110) (P) Fac. de Med. de Campos - FMC - (Campos) 1967 (80) (P) Fac. Medicina de Valença - CESVA - (Valença) 1968 (60) (P) Escola de Ciênc.. Méd. - UNIFOA - (Volta Redonda) 1968 (120) (P) Fac. Medicina de Vassouras - USS - (Vassouras) 1968 (80) (P) Fac. Med. de Teresópolis - UNIFESO - (Teresópolis) 1970 (144) (P) Escola Med.. Souza Marques- EMSM- (Rio de Janeiro) 1970 (192) (P) Univ. de N. Iguaçu - UNIG - (Campus Nova Iguaçu) 1976 (100) (P) Un. de Nova Iguaçu - UNIG - (Campus V- Itaperuna) 1997 (60) (P) Fac. Med. Univ. Estácio de Sá-UNESA -(R. de Janeiro) 1997 (160) (P) Univ. do Grande Rio-UNIGRANRIO-(Duque de Caxias)1997 (110) (P) Univ. do Grande Rio -UNIGRANRIO - (R. de Janeiro) 2007 (110) (P) Univ. Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (Macaé) 2008 )(60) (F) |
SP (30) (2.571) |
USP - Campus São Paulo - FMSP - USP - (São Paulo) 1922 (175) (E) Escola Paulista de Medicina -UNIFESP - (São Paulo) 1933 (121) (F) Fac. Med. PUC de S. Paulo - PUCSP - (Sorocaba) 1950 (100) (P) USP -Ribeirão Preto - FMRP-USP - (Ribeirão Preto) 1952 (100) (E) Fac. Ciências Médicas - UNICAMP - (Campinas) 1958 (110) (E) Un. Est. S. Paulo -Fac. Med. - UNESP - (Botucatu) 1962 (90) (E) Fac. C. Méd. Sta. Casa S. P. - FCMSCSP - (São Paulo) 1963 (100) (P) Fac. de Medicina de Marília - FAMEMA - (Marília) 1966 (80) (E) Fac. Ciências Méd. de Santos - UNILUS - (Santos) 1967 (120) (P) Universidade de Taubaté -UNITAU - (Taubaté) 1967 (80) (M) Fac. Regional de Med.-FAMERP -(S. José do Rio Preto) 1968 (64) (E) Univ. Mogi das Cruzes - UMC - (Mogi das Cruzes) 1968 (90) (P) Fac. Medicina de Jundiaí - FMJ - (Jundiaí) 1968 (60) (M) Fac. Med. do ABC - FMABC - (Santo André) 1969 (100) (P) Facs. Integradas Padre Alino - FIPA - (Catanduva) 1969 (64) (P) Fac. Med. de Sto. Amaro -UNISA -(São Paulo) 1970 (60) (P) Fac. C. Méd. -Univ. S. Fco .-USF -(Bragança Paulista) 1971 (80) (P) Fac. Ciências Médicas -PUC-CAMPINAS -(Campinas) 1975 (90) (P) Univ. Oeste Paulista -UNOESTE-(Presidente Prudente) 1987 (280) (P) Univ. Ribeirão Preto - UNAERP - (Ribeirão Preto) 1997 (100) (P) Univ. Metropolitana de Santos - UNIMES - (Santos) 1997 (60) (P) Universidade de Marília - UNIMAR - (Marília) 1998 (50) (P) Centro Un. Barão de Mauá -UFBM - (Ribeirão Preto) 1999 (60) (P) Univ. Cidade de São Paulo - UNICID - (São Paulo) 2002 (50) (P) U. Camilo Cast. Branco -UNICASTELO -(Fernandópolis) 2003 (80) (P) Centro Un. 9 de Julho-UNINOVE - (São Paulo) 08/7/ 2003 (100) (P) Centro Univ. de Araraquara -UNIARA - (Araraquara) 2005 (60) (P) Univ. Federal de São Carlos - UFSCAR - (São Carlos) 2005 (40) (F) Universid. Anhembi Morumbi- UAM- (São Paulo) 2007 (100) (P) Centro Univ. São Camilo - SCAMILO (São Paulo) 2007 (100) (P) |
Região Sul (31 escolas) (2.289 vagas) |
|
PR (10) (847) |
Fac. Med. Univ. Fed. do Paraná - UFPR - (Curitiba) 1912 (176) (F) PUC do Paraná - PUCPR - (Curitiba) 1957 (180) (P) Univ. Estadual de Londrina (Londrina) - UEL - 1965 (80) (E) Fac. Evangélica de Med. do Paraná -FEPAR-(Curitiba) 1969 (100) (P) Univ. Estadual de Maringá - UEM - (Maringá) 1987 (40) (E) Univ. Est. Oeste Paraná - UNIOESTE - (Cascavel) 1996 (40) (E) Universidade Positivo - UP - (Curitiba) 2002 (50) (P) Faculdade Ingá - UNINGÁ (Maringá) 2007 (100) (P) Faculdade Assis Gurgacz - FAG - (Cascavel) 2008 (40) (P) Univ. Est. Ponta Grossa-UEPG- (Ponta Grossa) 2008 (41) (E) |
SC (10) (520) |
Univ. Fed. Santa Catarina - UFSC- (Florianópolis) 1960 (100) (F) Univ. Reg. de Blumenau - FURB - (Blumenau) 1989 (66) (M) Univ. Vale do Itajaí (Itajaí) - UNIVALI - 1998 (38) (P) Univ. da Região de Joinville - UNIVILLE - (Joinville) 1998 (44) (M) Fac. de Med. de Tubarão - UNISUL - (Tubarão) 1998 (82) (P) Univ. do Extremo Sul Catarinense -UNESC-(Criciúma) 1998 (64) (P) (M) Univ. do Sul de Santa Catarina UNISU -(Palhoça) (1998)(60) (P) Univ. do Oeste de Santa Catarina -UNOESC- (Joaçaba) 2001 (50) (P) Univ. do Planalto Catarinense - UNIPLAC - (Lages) 2003 (40) (P) Um.Com. Reg. de Chapecó-UNOCHAPECO-(Chapecó) 2005 (40) (P) |
RS (11) (922) |
Fac. Med. Un. Fed. RS - UFRGS - (Porto Alegre) 1898 (140) (F) Univ. Fed. de Santa Maria - UFSM - (Santa Maria) 1954 (100) (F) Univ. Fed. Ciências da Saúde - UFCSPA - (Porto Alegre) 1961 (88) (F) Univ. Católica de Pelotas - UCPEL - (Pelotas) 1962 ** (100) (P) Fac. Med. Univ. Fed. Pelotas - UFPEL - (Pelotas) 1963 * (96) (F) Fund. Univ. do Rio Grande - FURG - (Rio Grande) 1967 (70) (F) Fund. Univ. de Caxias do Sul - UCS - (Caxias do Sul) 1967 (64) (P) Fund. Univ. de Passo Fundo - UPF - (Passo Fundo) 1969 (50) (P) Fac. Med. Univ. Católica do RS - PUCRS-(Porto Alegre)1970 (74) (P) Fac. Med. Luterana - ULBRA - (Canoas) 1996 (80) (P) Univ. de Sta. Cruz do Sul-UNISC- (Santa Cruz do Sul) 2006 (60) (P) |
Região Centro-Oeste (12 escolas) (936 vagas) |
|
GO (3) (290) |
Univ. Fed. de Goiás - UFG - (Goiânia) 1960 (110) (F) Univ. Católica de Goiás - PUC-GO - (Goiânia) 2005 (80) (P) Univ. Evangélica de Anápolis - (UniEVANGÉLICA) 2008 (80) P) |
DF (4) (276) |
Universidade de Brasília - UNB - (Brasília) 1962 (72) (F) Universidade Católica de Brasília - UCB - (Brasília) 2001 (40) (P) Esc. Sup. de Ciências da Saúde (Brasília) - ESCS - 2001 (80) (E) União Educ. Planalto Central - FAMEPLAC - (Brasília) 2002 (80) (P) |
MT (2) (180) |
Univ. Fed. de Mato Grosso - UFMT - (Cuiabá) 1978 (80) (F) Univ. de Cuiabá - UNIC - (Cuiabá) 1997 (100) (P) |
MS (3) (190) |
Univ. Fed. Mato Grosso do Sul-UFMS-(Campo Grande)1967 (60) (F) Univ. Fed. Mato Grosso do Sul - UFGD - (Dourados) 2002 (50) (F) F. Med. Un. Est. Reg. Pantanal-UNIDERP-(C. Grande)1997 (80) (P) |
Total de escolas: 180 (até 31/12/ 2010) Total de vagas: 15.794 |
Os dados sobre as escolas médicas, que coletamos desde 1969 inicialmente por intermédio de um contato epistolar com o Professor Clementino Fraga Filho, que nos orientou através da Associação Brasileira de Escolas Médicas (ABEM), foram atualizados no site www.escolasmedicas.com.br, organizado e mantido pelo Dr. Antônio Celso Nunes Nassif, ex-presidente da Associação Médica Brasileira. O relatório do Dr. Nassif, fartamente documentado sobre os mais variados assuntos referentes ao ensino médico, é trabalho de consulta indispensável para o aprimoramento do ensino médico no País. Todos acontecimentos na área do ensino médico nos últimos dez anos estão ali registrados e comentados.
A capital paulista, com nove escolas médicas, tem mais que as duas maiores cidades dos Estados Unidos juntas: Nova Iorque (6) e Los Angeles (2). Fonte: Association of American Medical Colleges (www.aamc.org/medicalschools.htm).
O Brasil, embora não seja o mais populoso, é o país que tem o maior número de faculdades de medicina no mundo em relação à sua população; apenas a Índia, com 272 escolas, tem um número maior de faculdades, mas a sua população é 6 vezes superior à do Brasil.
NOTAS
4. Contou-nos o Dr. Helier Damiano Collares, do Rio de Janeiro, RJ um fato que ilustra com clareza as carências de treinamento clínico que afligem os estudantes de medicina. Era ele, nos idos da década de 80, chefe do plantão do Pronto-Socorro do Hospital Municipal Paulino Werneck no Rio de Janeiro, quando chegou um paciente com forte dor abdominal. Logo acorreu a atendê-lo um dos estagiários no plantão. Começou dando uma injeção contra dor. Como o paciente não melhorasse, o caso despertou a atenção de outros estudantes. Pediram de imediato um hemograma e um exame de urina. Quando o paciente voltou do laboratório o grupo pôs-se a examiná-lo, tirando-lhe a pressão arterial, auscultando-lhe o tórax, palpando-lhe e repalpando-lhe o abdome. Sem ter chegado a nenhuma conclusão, cheios de dúvidas, os estudantes procuraram o Dr. Helier e lhe relataram as providências tomadas. Este, com a sua experiência de muitos anos de profissão, ponderou que, naquele momento, a primeira providência a ser tomada seria refazer a medicina porque o grupo estava na contramão da abordagem do paciente.
Tinham os estudantes começado de trás para frente. Primeiro deveriam ter ouvido o paciente contar o desenrolar dos sintomas e em seguida fazer o seu exame físico. Se não tivessem conseguido chegar ao diagnóstico após estas providências, aí sim, deveriam solicitar os exames de laboratório necessários à complementação de um raciocínio clínico que estaria então em elaboração. A terapêutica seria a última consequência do ato médico e não a primeira com aconteceu neste caso. A rotina de abordagem do paciente, de elementar conhecimento teórico prévio, é condição básica para a boa prática hospitalar ou em consultório.
a) O número de médicos no Brasil em 1965, num total de 36.760, é uma pesquisa de E. Sacramento ("O universo profissional dos médicos", publicada na revista Vida Médica, junho-julho/78, do Laboratório Gross, Rio de Janeiro), citada pelo Dr. Hésio Cordeiro no livro "As Empresas Médicas". O Conselho Federal de Medicina registra 319.983 médicos em atividade em dezembro/2010 com inscrição primária em cada estado: aumento de 770% em relação a 1965.
c) Pelos censos do IBGE, a população do Brasil em 1960 era de 70.119.071 habitantes e em 1970 era de 93.139.037. Como houve um crescimento populacional de 3,28% na década, depreende-se que a população em 1965 tenha sido de 81.618.598 em média; a população do Brasil, pelo Censo de 2010 é de 190.732.694 habitantes: aumento de 133% em relação a 1965. Dividindo-se o dado pelo total de médicos em atividade (319.983) temos um médico por 596 habitantes. A Organização Mundial de Saúde preconiza um médico por mil habitantes
O Provão 2003 foi o último de uma série de oito feitos pelo Ministério da Educação. Foi encerrado em dezembro/2003 e substituído pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior-SINAES, composto por três processos: a Avaliação das Instituições, a Avaliação dos Cursos de Graduação e a Avaliação do Desempenho dos Estudantes (ENADE).
O "jeitinho" brasileiro ganhou uma definição precisa de Claudio de Moura Castro, cronista da revista VEJA, em 2003, na edição 1.795: ¨O "jeitinho" brasileiro é, na maior parte das vezes, pura ignorância de que há uma forma certa e melhor de fazer."