13/05/2008
A avaliação foi da consultora Jadete Lampert, coordenadora da Comissão de Avaliação das Escolas Médicas da Associação Brasileira de Educação Médica. Lampert esteve em Maceió para participar do curso de Gestão Pedagógica que faz parte do processo de reformulação do currículo da Faculdade de Medicina da Ufal. Segundo a especialista, a nota 2 tirada pelo Curso de Medicina no Enade, não deve ser considerada isoladamente, mas dentro de um contexto de mudanças pelo qual a faculdade está passando.
Mário Jucá, coordenador do Curso de Gestão Pedagógica, explicou que a visita da professora Jadete Lampert já estava programada com antecedência, muito antes da publicação do resultado do Enade. “Desde 2004 estamos implementando a reformulação no Curso de Medicina, para que a proposta pedagógica esteja de acordo com as diretrizes de uma medicina voltada para a sociedade, com a formação de um profissional generalista e humanista”, explica o professor.
“Não podemos responsabilizar pontualmente nem os alunos, nem a faculdade pelo resultado insatisfatório”, considera ele. “A Faculdade de Medicina está extremamente empenhada em melhorar a qualidade do ensino e da formação dos profissionais e estamos refletindo bastante diante desse resultado”, completa Mário Jucá.
Para Jadete Lampert, o Enade é apenas uma etapa da avaliação institucional. O resultado é importante para a reflexão da comunidade universitária, mas não pode ser avaliado como uma derrota, e sim como parte de um processo pedagógico. “É comum as escolas que estão reformulando currículos terem resultados não esperados, porque estão em um processo de mudanças”, pondera a especialista. “É como uma reforma na casa. Quem observa de fora vê apenas uma grande bagunça, mas quem está executando um projeto sabe que esse caos tem uma direção e vai trazer uma melhoria”, compara a consultora da Abem.
Segundo Jadete Lampert, o bom ensino depende do projeto pedagógico e da gestão. “Se a gestão não for adequada o projeto pedagógico não funciona”, explica Lampert. A especialista explica também que o próprio MEC está construindo o processo de avaliação. “Uma das vantagens de toda essa polêmica em relação ao resultado do Enade é colocar o processo de avaliação na ordem do dia”, diz a especialista.
Jadete Lampert ressalta que a formação do médico deve ser generalista, humanista, crítica e reflexiva. Para isso foi preciso superar tendências curriculares que priorizavam a especialização. “O profissional pode buscar se especializar em determinadas áreas, mas é preciso ter uma formação básica antes, e não perder de vista o conjunto das ações de saúde”, avalia a consultora.
Segundo ela, a Faculdade de Medicina da Ufal tem uma proposta inovadora e adequada às diretrizes curriculares. “O curso de Medicina da Ufal tem qualidade e avança para as transformações que a formação profissional necessita. Esse resultado do Enade deve servir como instrumento de diálogo entre a sociedade e a Escola. É preciso aproveitar para mostrar que a Famed tem atividades de extensão e pesquisa muito importantes para as comunidades. A sociedade precisa conhecer esse trabalho para apoiar e ajudar a prosseguir”, conclui Lampert.