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PORTUGAL: Conselho Diretivo da Faculdade de Medicina (FMUC) garante estar disponível para discutir e resolver

 23/07/2008

DIÁRIO DE COIMBRA  - 22/07/2008 

 

Conselho Diretivo da Faculdade de Medicina garante estar disponível

para discutir e resolver

O vice-presidente do Conselho Diretivo da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), Santos Rosa, garantiu ontem que os órgãos de gestão estão disponíveis para dialogar com os alunos, no sentido de se encontrar uma «solução razoável ou mesmo boa» para o impasse criado pelo boicote ao exame final do 6.º ano médico. Ontem, mais uma vez, os estudantes disseram “não” e nenhum dos 230 finalistas realizou o exame teórico (que vale 30% da média do 6.º ano), marcado para as 14h00.

«Se cumpriram o ensino, se fizeram o 6.º ano, é evidente que, a não ser que não tenham concluído isso, estarão minimamente habilitados» para o exame de acesso ao internato médico, cuja nota é usada para fazer a seriação para a escolha da especialidade, frisou.

«Não posso dizer o que vai acontecer. A Faculdade está atenta e vai encontrar uma boa solução para o assunto», adiantou ontem o docente, durante a concentração dos alunos à porta da FMUC. «A Faculdade está consciente de que o que propôs aos alunos é uma boa proposta e por isso insistiu. Agora, com certeza terão de haver novos argumentos», frisou Santos Rosa, acrescentando que os estudantes de Coimbra freqüentam «o melhor 6.º ano médico português».

Aqui, continuou, «a avaliação é o que está em causa» e os alunos, sob o ponto de vista da competência, cumpriram. No entanto, «quando entraram sabiam as regras», das quais faz parte o exame final, salientou o vice-presidente do Conselho Diretivo, assumindo-se «orgulhoso» dos estudantes e da Faculdade.

Certo é que a condição de realização do exame final do ano letivo anterior «foi pontual». Recorde-se que os órgãos de gestão permitiram que os alunos fizessem a prova sem nota mínima e tiveram a garantia de que não teriam nota inferior à média dos cinco primeiros anos de curso, decisões, que, para Fernando Correia, porta-voz dos finalistas deste ano, representa a «sentença de morte» do exame.

Um dos cenários prováveis é a passagem administrativa dos estudantes, já que com o boicote ao exame, «institucionalmente, a nota fica bloqueada», explicou Fernando Correia, preocupado com o «critério» da faculdade para atribuir um valor a um exame que não foi realizado.

Isto quando se sabe que a Faculdade de Medicina de Coimbra é a segunda com pior média no país, não por incompetência dos alunos, mas «devido ao critério da Faculdade», salientou Fernando Correia.

O protesto de ontem voltou a juntar os estudantes do 6.º ano, desta vez à entrada da Faculdade. De bata branca vestida, cerca das 13h30, deslocaram-se para junto das salas onde se realizaria o exame, mas todos boicotaram a prova.

Durante o ano letivo, as cinco avaliações parcelares foram boicotadas, o que levou os órgãos de gestão da FMUC a marcar este exame final.

Faculdade coloca alunos em situação de “injustiça”

O presidente do Conselho Regional do Centro da Ordem dos Médicos considera que a Faculdade de Medicina de Coimbra, ao manter o exame final do 6. º ano, está a colocar os seus alunos numa situação de «injustiça» em relações aos colegas de outras escolas médicas, numa altura em que eles deveriam estar se preparando para o exame que lhes vai definir toda a vida profissional: o exame de seriação de acesso ao internato médico.

«A Faculdade de Medicina está obrigando os alunos a “perder tempo”», frisou José Manuel Silva, acrescentando que se estivesse na posição dos 230 finalistas de Coimbra teria exatamente a mesma atitude de protesto, porque estão, de saida, em «pé de desigualdade», ao verem reduzido o tempo de preparação para o exame de Novembro para a escolha da especialidade. José Manuel Silva realçou que a Ordem dos Médicos está disposta a reconhecer estes 230 finalistas, mesmo sem a realização do polêmico exame, desde que a Faculdade lhes confira a licenciatura.
Aliás, para este médico, deveria haver um «entendimento» entre as várias faculdades de Medicina do país para uma maior «uniformidade na avaliação», de modo a não criar situações de desigualdade.  


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