16/09/2008
Valdemir Caldas - , 16/09/08 08:20
Há ameaça de greve na Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Conquanto isso não seja propriamente nenhuma novidade, não há de passar despercebido da opinião pública.
Em primeiro lugar, porque, desta feita, a insatisfação de professores, alunos e autoridades acadêmicas vem acrescida de questões que só servem para agravar o estado de completa penúria em que se encontra a única universidade pública do estado.
Antes, a comunidade universitária reclamava contra o aumento do número de vagas para o curso de psicologia, sem o conseqüente aumento de docentes. Em vez disso, o que houve foi uma redução no quadro de educadores. Os poucos que ainda não abandonaram o barco estão assoberbados de trabalho.
Agora, a esses fatores, agregam-se a precariedade das instalações, a carência de espaço físico e a falta de material, como carteiras, por exemplo, para os discentes.
Não é de hoje, que a sociedade deseja ver os profissionais encarregados do preparo de quadros para as mais diferentes tarefas sociais dignamente remunerados.
Segundo acadêmicos de Psicologia, a situação do curso chegou ao fundo do poço. O conteúdo programático está defasado e as salas não atendem a demanda, cada vez mais crescente. No ano passado, o número de alunos pulou de trinta para quarenta, por turma. Difícil tem sido acomodar tanta gente.
Os cursos de Medicina, Enfermagem e Educação Física também padecem de problemas semelhantes. Além da falta de professores, não há salas disponíveis, nem carteiras.
Nação marcada por uma das mais altas taxas de desigualdade, o Brasil vem eliminando aos poucos importante canal de ascensão social. Esse foi, durante muito tempo, o mais influente papel do ensino superior.
Hoje, não é favor dizer-se que, sem as universidades mantidas pelo poder público, quase nada se teria criado no país, em termos de ciência e tecnologia.
Calcula-se que oitenta e cinco por cento de todo o conhecimento científico produzido aqui, procede das escolas públicas superiores.
Apesar disso, tem faltado às autoridades responsáveis a necessária sensibilidade para tratar do tema.
Por isso, voltam professores, acadêmicos e diretores de núcleos a discutir a nossa UNIR, inclusive com ameaça de paralisação de suas atividades.
Nesta hora difícil para a Universidade Federal de Rondônia, importa compreender a extensão de seus males, identificar onde estão suas causas e, sem descartar as responsabilidades de toda a sociedade tem, para com a manutenção não apenas da UNIR, mas de todo o ensino superior público, mostrar as autoridades quanto laboram em erro crasso nesse estratégico setor governamental.
O Centro Acadêmico de Psicologia - CAPSI/UNIR manifestou sua indignação, por meio de uma carta aberta. Já o Conselho do Núcleo de Saúde, após reunião, realizada no dia 28 de agosto do corrente, decidiu engrossar o tom das críticas à política educacional implantada pela atual reitoria. A UNIR pede socorro.