16/09/2008
O diagnóstico de levantamento do Ministério da Educação (MEC) de que, de cada 10 instituições de Ensino Superior no Brasil, três têm nível considerado crítico é preocupante demais para um país que investe somas elevadas no ensino de terceiro grau e precisa formar bons profissionais. Os resultados do levantamento indicam que o país ainda precisa avançar muito nessa área sob o ponto de vista de qualidade. Um dos caminhos para enfrentar o problema é persistir nos sistemas de avaliação e continuar pressionando as instituições para que venham a registrar melhorias na qualidade do ensino ministrado.
A particularidade de o chamado Índice Geral de Cursos (IGC) tomar como base os resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) faz com que algumas instituições importantes do país fiquem automaticamente de fora, por não participarem da prova, o que acaba distorcendo os resultados. Ainda assim, a vantagem do estudo é a de analisar a instituição de Ensino Superior de forma global, sem se restringir a cursos isolados. O importante é que, a partir de agora, o MEC passa a dispor de um instrumento objetivo para cobrar melhoria na qualidade de ensino particularmente nas instituições mal avaliadas, a exemplo do que já acontece hoje em cursos de Direito, Medicina e Pedagogia. Se isso não ocorrer, poderá haver sanções e até mesmo medidas mais drásticas, na defesa dos interesses dos universitários.
Um aspecto importante do levantamento pioneiro é que não é possível comparar os resultados obtidos por universidades com os de faculdades e centros universitários. A razão, óbvia, é que cada instituição tem perfil e missão diferenciados. Chama particularmente a atenção também o caso das universidades e centros universitários mal avaliados. Isso porque, mesmo oferecendo um ensino de qualidade duvidosa, dispõem de autonomia para criar cursos e ampliar o número de vagas, o que tende a agravar ainda mais o problema, já de proporções consideráveis.
Certamente, nem tudo pode ser considerado negativo no levantamento do MEC. Muitas universidades sobressaem pela excelência do trabalho desenvolvido, e as faculdades particulares, por exemplo, alcançaram pontuação elevada, superando todas as entidades públicas. Mas não deixa de ser preocupante que nada menos de 454 instituições tenham sido reprovadas. Os universitários, que investem dinheiro e um tempo precioso de suas vidas na formação de nível superior, precisam contar cada vez com mais mecanismos de avaliação para garantir a qualidade dos cursos disponíveis.
“Os universitários precisam contar cada vez com mais mecanismos
de avaliação para garantir a qualidade dos cursos disponíveis”