20/10/2008
Gerson Pantaleão/J ; "Vestindo jalecos e narizes de palhaço os manifestantes dirigiram-se até a praça Dr. Pio") Vestindo jalecos e narizes de palhaço os manifestantes dirigiram-se até a praça Dr. Pio |
Um estudo do Ministério da Educação (MEC) que objetiva a padronização dos cursos de graduação tem gerado polêmica, principalmente, entre os estudantes de Medicina. A proposta visa a classificar os cursos em três categorias: bacharelado, licenciatura e tecnólogo.
A possível mudança no diploma de médico pelo de bacharelado em Medicina levou cerca de 180 estudantes da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) às ruas do Centro do Rio Grande na última sexta-feira, próximo ao meio-dia.
O ato foi promovido pelo Diretório Acadêmico (DA) de Medicina da universidade. Na ocasião, os estudantes aderiram ao movimento realizado simultaneamente em outras três cidades gaúchas - Porto Alegre, Pelotas e Passo Fundo.
Vestindo os tradicionais jalecos brancos e com narizes de palhaço, os acadêmicos se concentraram em frente à área acadêmica do Hospital Universitário, de onde partiram para a praça Dr. Pio. Lá os estudantes do primeiro ao sexto ano de Medicina entregaram folhetos explicando a possível mudança à comunidade. Gritando palavras de ordem e portando faixas contra o estudo do MEC, os acadêmicos alegam que a mudança trará prejuízos ao serviço de saúde prestado à população.
Segundo o presidente do DA de Medicina da Furg, Paulo Nunes Filho, a transformação do diploma de médico em bacharel em Medicina obrigará os formandos a realizar uma prova posterior ao curso, assim como ocorre com os bacharéis de Direito. "Trata-se de uma iniciativa que só trará lucro ao mercado dos cursinhos de pré-residência. Além disso, a medida não eliminará os maus profissionais: não somos contra avaliações do ensino médico, mas uma prova realizada após o curso não irá corrigir erros na formação do profissional já diplomado", argumenta.
O acadêmico diz que o título de bacharel impede os estudantes de fazer pós-graduação, mestrado ou até mesmo doutorado em outros países, pois estes não admitem esta titulação para a prática médica. "O bacharel não poderá exercer nenhuma função. Muitos profissionais ficarão desempregados e faltarão médicos para atender a comunidade", completa. "O bacharelado desvaloriza o ensino", gritavam os manifestantes.
A pró-reitora de graduação da Furg, Cleuza Maria Sobral Dias, explica que a universidade definiu por apoiar que os egressos do curso de Medicina detenham o título de médicos. O assunto foi tratado na Furg a partir de ofício recebido do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), solicitando o posicionamento da instituição quanto à questão. "A universidade acredita que a formação possibilita ao estudante o exercício da profissão, independente de qualquer prova adicional. Assim, a Furg manifesta-se em acordo com a decisão da Comissão do Curso de Medicina", explica.
Caso o estudo transforme-se em projeto-de-lei, Cleuza lembra que outros cursos podem passar pelo mesmo processo como o de Odontologia e o de Psicologia.
A Furg continuará acompanhando todas as discussões promovidas pelo MEC, Cremers e Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul, a fim de debater a questão, defendendo a manutenção do diploma.
A pró-reitora fala que, a princípio, os formandos em Medicina deste ano não serão surpreendidos por uma titulação de bacharelado.