Escolas Médicas do Brasil

Piaui - Governo prepara estudantes para passar em Medicina

 16/11/2008

Adotou tática do 'café-aula'     16/11/2008 - 08h44min

Governo prepara estudantes para passar em Medicina

Governo quer que estudantes das escolas públicas e filhos de pais pobres sejam aprovados


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O governador do Piauí Wellington Dias (PT) começa a perguntar, com voz alta, aos estudantes quem irá passar no vestibular de Medicina. “Eu, Eu”, responderam os estudantes. “Está fraco”, reagiu Dias, antes de repetir a pergunta, agora respondida com um sonoro e barulhento “Eu”. “Agora, eu vi firmeza. Vou rezar para vocês passarem no vestibular de Medicina e não deixarem nenhuma vaga, como vocês são muitos não vou nem dormir de tanto rezar”, diz Wellington Dias.

A exortação de Wellington Dias foi feita para uma turma dos 120 estudantes das escolas públicas estaduais que estavam participando de aulas de reforço durante a madrugada de ontem na Unidade Escolar Benjamin Batista, na zona Norte de Teresina. A presença de Dias faz parte do treinamento promovido pelo Governo do Estado para que estudantes das escolas públicas e filhos de pais pobres sejam aprovados no vestibular de Medicina, o curso mais concorrido na Universidade Estadual do Piauí (Uespi), com 53 candidatos por vaga, e da Universidade Federal do Piauí (Ufpi), com 22 candidatos por vaga.

Para enfrentar a concorrência, o Governo do Estado passou a adotar o café-aula, espécie de “corujão”, que começa às 20h e termina com café da manhã, às 6h do dia seguinte, que os cursinhos particulares promovem, para dar reforço nas disciplinas específicas do curso de Medicina, Biologia e Química, informou o secretário estadual de Educação, professor Antônio José Medeiros.

O Governo do Estado, mantém há quatro, com o Instituto Civitas, uma ONG (Organização Não-Governamental), um cursinho popular para 29 mil estudantes de escolas da rede pública de ensino em 220 dos 223 municípios piauienses. O resultado, diz Wellington Dias, é que no vestibular 2008 da Uespi, os alunos das escolas públicas ficaram com 52% das 4.200 vagas.

“Hoje nós estamos presentes em todos os municípios do Piauí, são quase 30 mil estudantes que têm oportunidade de um reforço que não apenas contribui para o vestibular, mas para concursos. Conseguimos destacar o Piauí nacionalmente como o Estado que proporcionalmente tem mais alunos da rede pública ocupando vagas dos vestibulares desde 2004, mas alguns cursos cursos como medicina ainda são tabus”, falou Dias. Ele disse que os estudantes das escolas públicas recebem aulas em um ritmo diferenciado e com maior peso nas disciplinas de biologia e química, que são específicas para medicina.

Alunos dos Cursinhos Populares já fazem o curso

O secretário Antônio José Medeiros afirmou que 16 alunos dos cursinhos populares estão fazendo medicina, desde 2004, mas com as aulas na madrugada e tratamento especial deve aumentar o número de aprovados. “Antes dos cursinhos populares, os alunos da escola pública achavam que não tinham chances de concorrer com os estudantes das escolas particulares. Agora já querem disputar as vagas de Medicina, o que é um grande avanço”, falou Medeiros.

Filha de um pedreiro e uma dona-de-casa no município de Altos, a 42 km de Teresina, a estudante Laís Cristina, de 17 anos, diz que para participar do café-aula não voltou para sua cidade e emendou as aulas tradicionais no colégio público em que estuda na capital, o Liceu Piauiense, com as do cursinho popular e do intensivão.

“Fiquei na casa de uma colega, mas acho que o esforço vale a pena porque essas aulas na madrugada não apenas são de reforço em algumas disciplinas, mas também de incentivo e de auto-estima para que a gente tenha consciência de que o aluno da escola pública pode disputar uma vaga para Medicina, apesar da forte concorrência dos estudantes das escolas privadas, que normalmente ficam com as vagas das universidades públicas”, afirma Laís Cristina, que pensava em fazer vestibular para Fisioterapia, mas acha que tem condições de passar para Medicina.
Fonte: Jornal Meio-Norte Edição: Sávia Barreto

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