17/07/2009
Há mais 168 vagas para Medicina do que aquelas que foram abertas para o ano lectivo 2008/09, mas pela primeira vez todas elas se destinam a estudantes já titulares de uma licenciatura, para os quais foi criado um concurso especial de acesso.
“Noventa por cento dos admitidos no ano passado, neste concurso, na Faculdade de Medicina de Lisboa eram da mesma licenciatura”, acusa o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, em declarações ao PÚBLICO. O responsável escusou-se a especificar qual, mas frisa que estão a ser privilegiados, no acesso, determinados grupos profissionais, o que considera ser “inaceitável”.
O concurso está ser utilizado como uma “porta dos fundos por onde se está a resolver situações que não tiveram saída pela porta principal”, acusa. Entre estes candidatos há também estudantes que não tiveram média, foram fazer um dos cursos de Medicina no estrangeiro já adaptados a Bolonha (três anos) e depois voltam para fazer mais três anos cá (em Portugal continuam a ser seis anos).
Segundo Pedro Nunes, impõe-se que o Ministério do Ensino Superior intervenha, fixando critérios de acesso uniformes. “Não deve ser dado este espaço de manobra às faculdades.”
Das 295 vagas abertas na Faculdade de Medicina de Lisboa, 35 são para licenciados. Este ano concorreram mais de 600. A possibilidade de qualquer licenciado ter acesso a um curso de Medicina foi aberta com um decreto-lei aprovado em 2007, de modo a “garantir a diversidade do percurso académico e educativo dos candidatos” a esta formação.
Compete às faculdades fixar os requisitos no que respeita a licenciaturas anteriores. Por exemplo, a Faculdade de Medicina do Porto estabeleceu que só podem ser candidatos licenciados que demonstrem possuir formação científica nas áreas de Biologia, Física, Matemática e Química. Já a Faculdade de Medicina de Lisboa fixou que o candidato deve apenas ser titular de uma licenciatura ou mestrado integrado. Muitos destes candidatos podem ainda entrar para anos avançados.
A nova Faculdade de Medicina do Algarve, que abre este ano lectivo com 32 vagas, destina-se apenas a já licenciados. O bastonário diz que é “um absurdo”. À Lusa, o director da nova instituição resumiu assim o que são, para si, os traços essenciais na personalidade de um médico: capacidade intelectual acima da média, saber comunicar e enfrentar situações inesperadas e conseguir executar tarefas práticas.
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