14/08/2008
Esta semana, foi amplamente divulgado pelo Ministério da Educação que
dos 153 cursos de Medicina, 27 não têm condições de funcionar, e entre
eles, estão várias universidades públicas, pondo à baixo o mito de que
só as particulares têm problemas.
O Ministério da Educação (MEC) calcula que cerca de 2.600 alunos estão
se formando por ano através destas escolas, ou seja 25% dos novos
médicos saem despreparados para o mercado de trabalho e vão servir à
população na área mais nobre: a saúde.
A avaliação anterior considerava apenas o desempenho e a evolução dos
alunos na prova, enquanto o novo indicador do MEC , chamado de
desempenho dos alunos em 2007), a titulação dos professores e ainda, a
satisfação dos alunos, ou seja os universitários passaram a ter espaço
para dar sua opinião sobre a estrutura da sua faculdade.
Há uma promessa do Ministro da Educação, Fernando Haddad, que, tendo
como base estes pífios resultados, a fiscalização dos cursos será
comissão de especialistas, da qual faz parte o Prof.Dr. Antonio Celso Nunes Nassif,
expresidente da AMB.
Estas visitas do INEP começarão imediatamente e irão acontecer durante
o resto de 2008. O INEP verificará ainda, se de fato houve um boicote
dos alunos, queixa destas 27 faculdades e promoverá nova avaliação. Se
o desempenho permanecer baixo, o MEC abrirá um processo para
fechamento do curso.
O médico Antônio Carlos Lopes, que dirige a Sociedade Brasileira de
Clínica Médica e ex-presidente da Comissão Nacional de Residência
Médica do Ministério da Educação, é radical e diz que escolas de
Medicina que foram mal avaliadas, como a UFS, deveriam ser fechadas
imediatamente. Ele diz ainda, que os alunos que saem destas escolas
"não sabem sequer tratar de uma gripe e podem colocar a vida do
paciente em risco".
O curso de Medicina da Universidade Federal de Sergipe, infelizmente,
foi classificado entre os piores, de acordo com os dados do governo
federal. Lamentavelmente, o número de professores substitutos nesta
escola cresce a cada ano, à medida que os titulares vão se aposentando
e paradoxalmente, os novos não podem assumir por "falta de vagas" (é
prerrogativa do Governo Federal definir novas vagas).
Reconhecemos os problemas locais. O compromisso dos professores
substitutos é , algumas vezes pequeno, e alguns são despreparados e
fazem do ensino, um bico. A pesquisa, nestas condições, é totalmente
comprometida e as publicações desaparecem. Outro dado relevante são as
relações pouco éticas assistidas pelos alunos entre médicos, entre a
equipe multidisciplinar e médicos e pacientes.
O que o Governo não avalia é a sua própria responsabilidade.Claro que
os resultados auferidos pelo Governo não podem ser ignorados,
entretanto, este mesmo Governo, ao menos no que diz respeito às
escolas públicas, está implicado nestes maus resultados, pelo crime de
omissão com os milhares de alunos que freqüentam estas faculdades e
pela ausência de necessários investimentos em infra-estrutura e a
abertura de vagas para professores efetivos qualificados e com
titulação máxima e essencialmente com uma boa remuneração.
Colunistas / Déborah Pimentel